Indígenas paranaenses são beneficiados com assistência técnica e programas rurais
Cultivar hortas comunitárias, produzir alimentos orgânicos, participar de feiras e valorizar a cultura local são algumas das ações desenvolvidas por moradores de 14 terras indígenas paranaenses. Esse trabalho se concretizou nos últimos anos graças a uma parceria firmada entre lideranças indígenas, técnicos da Funai e do IDR-Paraná.
Em 2019 foram estabelecidas as prioridades para a população que vive nas aldeias do Estado. Neste período o serviço de assistência técnica e extensão rural vem prestando assistência aos indígenas, com o objetivo de melhorar suas condições de vida, por meio da implantação de políticas públicas estaduais e federais.
De acordo com os levantamentos do IDR-Paraná, os extensionistas acompanharam sistematicamente, ou com visitas periódicas, um total de 600 famílias indígenas cujos integrantes tiveram a oportunidade de participar de reuniões e cursos. Para outras 782 famílias, o atendimento foi pontual ou esporádico.
Os indígenas participaram de oficinas sobre análise de solo, discutiram a importância da preservação das fontes d’água, fizeram o plantio de mudas frutíferas, além de serem estimulados a criar pequenos animais. A estratégia dos extensionistas é levar conhecimento para que os moradores das aldeias possam melhorar suas atividades agropecuárias.
Além disso, a ação do IDR-Paraná trata de temas importantes para a sobrevivência das comunidades locais, como a organização dos indígenas em associações, a melhoria das moradias ou do artesanato produzido nas aldeias.
Investimentos – Os moradores da Terra Indígena Mangueirinha foram orientados a fazer hortas e a criar aves e suínos. Três famílias, entre as assistidas, passaram a entregar sua produção ao PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar).
Já na Terra Indígena de Pinhalzinho, em Tomazina (Norte Pioneiro), o associativismo ganhou força. Com a orientação dos extensionistas foi constituída uma Organização de Controle Social (OCS) e uma Associação.
Os moradores da Aldeia Marrecas, no município do Turvo (Centro do Estado), já contam com equipamentos comunitários usados em uma agroindústria de panificação. Graças a essa aquisição, os indígenas passaram a preparar as refeições oferecidas pelo Centro Turístico da Aldeia Guarani. Um grupo de moradores também passou a produzir erva-mate certificada, em parceria com a empresa Guayaki.
A produção de maracujá se tornou uma fonte de renda na Terra Indígena Faxinal, em Cândido de Abreu (Centro). Além disso, a criação de aves, ovinos e bovinos de corte também passou a fazer parte da rotina dos indígenas.
Com esse apoio, o Renda Agricultor Familiar, programa do governo estadual, chegou a 329 famílias indígenas. O investimento somou R$ 987 mil que foram aplicados em projetos de saneamento básico, produção de alimentos para o autoconsumo e outras atividades produtivas. Cada família recebeu R$ 3 mil, recurso usado de acordo com as necessidades de cada beneficiário.
Em parceria com os Ministérios de Agricultura e Pecuária e da Cidadania, o IDR-Paraná ainda executou o programa federal Fomento às Atividades Produtivas Rurais. Um total de R$ 1,1 milhão foi investido junto a 467 famílias das aldeias. O recurso foi aplicado no desenvolvimento de projetos de geração de renda e produção de alimentos para garantir a segurança alimentar e nutricional dos indígenas. Cada família recebeu R$ 2.400 para investir em atividades produtivas.
Sementes – O cuidado com a alimentação nas aldeias é uma preocupação constante. Para atender às necessidades dos indígenas, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, por meio do IDR-Paraná, repassou 7.060 quilos de sementes de milho e 7.020 quilos de sementes de feijão às aldeias.
Em 2020 as sementes chegaram a 620 indígenas, gerando uma produção total de 71.520 quilos colhidos. Uma parte foi utilizada para o consumo das famílias e outra foi destinada à comercialização. O programa de distribuição de sementes também fez o repasse solidário para outros indígenas.
Outra ação importante foi a implementação do projeto Inclusão Produtiva e Solidária que atende grupos de, no mínimo, três participantes. Os recursos foram aplicados em projetos produtivos coletivos, num valor de até R$ 4 mil. Todos os projetos foram elaborados pelos técnicos do IDR-Paraná em conjunto com a família e/ou liderança (cacique) da Terra Indígena.
Formação – Para prestar assistência aos indígenas, 21 extensionistas do IDR-Paraná – além de 11 técnicos de prefeituras, Itaipu e de ONGs que atuam com indígenas – iniciaram em outubro um curso de formação continuada em ATER dirigida a povos indígenas. A capacitação é realizada pelo IDR-Paraná em parceria com a UEL (Universidade Estadual de Londrina).
O objetivo é atualizar a formação e a prática desses profissionais e parte de uma perspectiva interdisciplinar, intercultural e de respeito e diálogo com os povos e comunidades indígenas do Paraná. Serão 14 meses de curso, com atividades presenciais e remotas.