Indicadores de confiança: por que eles são importantes para a indústria do Paraná?

Períodos de instabilidade como o atual, em que o Brasil e o mundo ainda buscam soluções para superar definitivamente a pandemia de Covid 19, geram incertezas sobre os rumos da economia e dificultam a tomada de decisões por empresários, executivos e investidores. Em momentos como esses, o monitoramento de indicadores que possam apontar tendências de comportamento torna-se ainda mais relevante para se vislumbrar os caminhos que determinado segmento ou a economia como um todo tomará no futuro.

É por isso que, mensalmente, a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulga o chamado Índice de Confiança do Empresário Industrial, o ICEI. A pesquisa consegue captar as percepções do empresário sobre a evolução da conjuntura econômica. É a maneira como ele enxerga o comportamento da atividade industrial no momento e como esse cenário afeta o desenvolvimento dos seus negócios.

O resultado de abril, o mais recente, aponta para um industrial ainda otimista. O ICEI somou 55,7 pontos, valor que teve ligeira melhora de 1,3 ponto em relação a março. No entanto, na comparação com a evolução média dos últimos 12 meses, o resultado de abril ficou 1,8 ponto abaixo da média, que é de 57,5 pontos.

Para detectar essas informações, o estudo é dividido em duas etapas. Primeiro, pelo Indicador de Condições, que afere a percepção do empresário sobre a evolução da economia e de sua empresa nos últimos seis meses. Por meio de um questionário, os gestores analisam o que já ocorreu e impactou os negócios nos últimos meses. Ao emitirem suas opiniões, os resultados são tabulados numa base de informações. Metodologicamente, essa fase da pesquisa tem peso um.

Em seguida, o empresário é direcionado para analisar o comportamento futuro, próximos seis meses. Este é o chamado Indicador de Expectativas, que tem peso dois no estudo. O empresário avalia o que pode ocorrer na economia em geral e de seus negócios. Trata-se de uma opinião subjetiva, mas que pode impactar de alguma forma a gestão da empresa.

Depois de compilados os resultados, o indicador de confiança pode variar de zero a 100 pontos. Quanto mais alto e perto desse limite máximo, mais otimista e confiante está o avaliador. Da mesma forma, quanto mais próximo e abaixo dos 50 pontos, considera-se uma avaliação pessimista.

Vários fatores podem influenciar a opinião do empresário ao responder a pesquisa. As mais comuns são variação na taxa de emprego, nos custos com energia, dificuldades de acessar matérias-primas para produção, oscilações da taxa de câmbio e no mercado financeiro (Bolsas de Valores). Também interferem os indicadores de inflação, questões de relevância econômica com impacto no Produto Interno Bruto (PIB), aumento do volume das exportações, choques econômicos que provocam aumento de custos de produção, oferta de mão de obra qualificada e queda de demanda de qualquer natureza (econômica, política, sanitária, social etc).

Questões políticas, como aprovação de programas e reformas econômicas, interferências em preços administrados da economia e crises sanitárias, como a pandemia da Covid 19, são outros pontos considerados pelos empresários e podem afetar imediatamente o resultado da pesquisa de um mês para outro.

Embora todos os condicionantes acima sejam relevantes para o empresário, a magnitude da interferência vai depender da dimensão da variável em análise. Uma queda generalizada nas vendas ou um aumento substancial dos custos de produção, por exemplo, tem um impacto muito mais direto e imediato do que uma oscilação na taxa de inflação do país, que afetaria a empresa indiretamente, e por isso é considerada uma influência secundária.

E o que significa um empresário mais confiante em torno do desempenho da economia e do seu negócio? Tanto pessimismo quanto otimismo exercem implicações sobre o comportamento da atividade econômica. Quando os resultados do indicador de confiança revelam otimismo, os empresários estão mais confiantes sobre a evolução positiva da conjuntura econômica e, consequentemente, vislumbram um ambiente mais favorável para a evolução de seus negócios.

A divulgação de indicadores de melhorias da renda, queda nas taxas de juros para empréstimos para pessoa jurídica, diminuição do desemprego e até questões de natureza climática, que podem sugerir aumento de produção agroindustrial, são situações que influenciam a percepção dos empresários sobre o dinamismo da atividade econômica. Nesse caso, de forma positiva.

Quando isso ocorre com tendência para o otimismo, pode pesar na tomada de decisões não só das empresas, mas de toda a atividade econômica. Um gestor confiante tende a aumentar os investimentos para modernização ou aumento da capacidade produtiva do seu negócio. Mais recursos também podem resultar em maior oferta de emprego e renda na economia. Da mesma forma, o aumento da confiança sobre o comportamento dinâmico da economia impacta não só na geração de vagas de trabalho, renda e tributos, como também em bem-estar social, com mais bens e serviços disponíveis. O contrário também acontece. Um ambiente econômico menos favorável tende a retrair políticas de gastos e de investimentos e isso também influencia nos níveis de emprego e renda.

Por este motivo, mesmo sendo uma variável subjetiva, de caráter abstrato e muito sensível aos sobressaltos da atividade econômica, os indicadores de confiança exercem fortes impactos nos rumos da atividade econômica. E por isso são interpretados como uma variável antecedente, ou seja, a percepção sobre as expectativas futuras da economia pode influenciar a tomada de decisões no presente.

As definições dos empresários ocorrem quando há uma previsibilidade de cenário econômico. Quanto mais previsível, melhores são as condições e expectativas deles. Nenhuma empresa quer correr risco de perder seus recursos, sejam financeiros ou de outra natureza, por conta de um ambiente econômico de incertezas. Da mesma forma, quanto mais incerto o entendimento sobre a dinâmica da atividade econômica, mais hesitante e conservador será o comportamento do gestor à frente dos negócios.

Para que o industrial se mantenha vigilante ao que a economia reserva para seus negócios, os indicadores econômicos do Sistema Fiep podem ser acessados na Agência Fiep, neste link .

Evânio Felippe – Economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

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