Guarapuava será pioneira no Genomas Paraná

Guarapuava será a primeira cidade do Estado a promover a coleta de amostras de DNA da população, em um trabalho piloto do Programa Genomas Paraná. A pesquisa começa neste mês de abril com o sorteio de 4.500 participantes voluntários.

A iniciativa é coordenada pelo professor e doutor, David Livingstone Alves Figueiredo, responsável pelo Programa Estadual e pelo Instituto para Pesquisa do Câncer de Guarapuava (IPEC), em uma parceria entre governo do Estado, com aporte da Fundação Araucária e Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), e apoio da prefeitura de Guarapuava, por meio das Secretarias de Saúde e Ciência, Tecnologia e Inovação, CT&I.

“É motivo de orgulho para os guarapuavanos serem os primeiros a participar desse grande projeto. A pesquisa servirá para que nós, gestores públicos, tracemos estratégias ainda mais assertivas para promover a saúde dos moradores e consolidar nossa cidade como um polo de estudos em genética”, declara o prefeito de Guarapuava, Celso Góes.

O Programa Genomas Paraná buscará entender as características da população do Estado, levando em consideração a saúde, o ambiente em que se vive, o estilo de vida, o histórico familiar e o perfil genético de cada pessoa. O objetivo é identificar e compreender as características genéticas e epidemiológicas da população, auxiliando também o setor público a promover programas e políticas de saúde.

A pesquisa vai verificar a relação dos genes com um conjunto de doenças que podem ser adquiridas ao longo da vida, devido a interação com o ambiente, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Essas informações serão armazenadas em segurança e sob sigilo para futuras análises dos pesquisadores. Se forem identificadas doenças genéticas, os voluntários serão informados.

A meta inicial é atingir quatro mil pessoas acima de 18 anos, que representem a população de Guarapuava. Elas serão selecionadas por sorteio. Também serão escolhidos via sorteio quinhentos idosos com idade maior ou igual a 80 anos e cognitivamente saudáveis.

Para David Livingstone, que atua também como coordenador do curso de Medicina da Unicentro, Guarapuava é uma cidade privilegiada por iniciar esse trabalho.

“A pesquisa genômica em larga escala, associada à inteligência artificial, é o início para a medicina de precisão, onde poderão ser elaborados tratamentos médicos de acordo com as reais necessidades dos pacientes.

No futuro, além da prevenção de doenças, os dados genômicos devem auxiliar na definição de terapêuticas específicas, em diferentes especialidades médicas. Neste sentido, Guarapuava e o Vale do Genoma devem despontar com as iniciativas e investimentos que estão sendo feitos no setor. Os principais beneficiados são os moradores”, pontua.

Etapas do projeto

Na primeira etapa do projeto, será realizada uma amostragem aleatória, por meio de sorteio de casas de Guarapuava. A casa sorteada receberá um pesquisador que explicará o projeto e fará o convite aos moradores maiores de 18 anos e, por fim, o sorteio entre eles. O sorteado, caso aceite participar, responderá a um questionário e, posteriormente, doará amostras de sangue, saliva e fezes em um laboratório credenciado pelo programa.

Só então, serão encaminhadas as amostras ao IPEC, onde será feita a extração de DNA, RNA e proteínas. O material biológico será armazenado no instituto para posterior análise por sequenciamento genético.

Esta primeira etapa irá até dezembro de 2023, mas as pesquisas do Programa Genomas Paraná seguem pelos próximos 10 anos.

“Nós incentivamos a adesão dos moradores a esse grande projeto que no futuro nos trará dados sobre características da nossa população. Isso vai ajudar no direcionamento de investimento públicos, resultando, assim, em maior qualidade de vida da população”, explica a secretária de Saúde, Chayanne Andrade Ceroni.

Pesquisa genética

Diversas características presentes no organismo humano são determinadas por informações que estão no corpo desde o nascimento, sendo a maioria recebidas dos pais. Contudo, existem outras características que aparecem conforme se vivencia experiências de vida. São essas informações juntas que tornam cada pessoa única.

As informações presentes desde o nascimento recebem o nome de “genes”, que em seu conjunto permitem o saber sobre a genética. O conhecimento sobre estes genes é muito importante para uma nova forma de medicina: a de precisão.

A medicina de precisão é uma abordagem em evolução para prevenção e tratamento de doenças embasadas em informações individualizadas sobre dados genéticos, clínicos, ambiente e estilo de vida de cada pessoa.

Na prática, este campo da medicina compreende cuidados antecipados para evitar doenças. Entre as medidas preventivas de saúde, por exemplo, é possível incluir o uso de medicamentos, a aplicação de vacinas e a identificação de fatores de riscos que podem tornar as pessoas mais propensas a determinadas doenças.

“Hoje, Guarapuava já se destaca em diversas pesquisas, principalmente nas áreas de agricultura e saúde. Isso, graças à convergência que existe entre a tecnologia e a vocação do município. Por isso, estamos nos tornando referência para o Brasil, atraindo pesquisadores e investimentos públicos e privados, para desenvolver produtos e soluções inovadoras”, destaca o secretário de Tecnologia, Ciência e Inovação de Guarapuava, Sávio Denardi.

Genomas Paraná

O Programa Genomas Paraná é uma iniciativa inédita de pesquisa científica e tecnológica no Brasil, que pretende descrever o perfil genético e epidemiológico da população.

A equipe envolve mais de 100 pesquisadores da Rede Paranaense de Pesquisa Genômica, que reúne instituições de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica, públicas e privadas, do Paraná e de outros Estados.

O estudo pretende sinalizar um conjunto de fatores de riscos para determinadas doenças, como por exemplo, os problemas cardíacos. A ideia é embasar estratégias de medicina de precisão, área interdisciplinar que alia ao perfil genético dos pacientes, os aspectos convencionais de diagnóstico e tratamento, como sintomas, história pessoal e familiar e exames complementares.

O projeto recebeu aporte de R$ 3,12 milhões do governo do Estado, sendo metade, R$ 1,56 milhão, da Fundação Araucária e o restante do Fundo Paraná, dotação gerida pela Superintendência-Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), para o fomento científico e tecnológico paranaense. Os recursos estão compartilhados entre as Universidades Estaduais do Centro-Oeste (Unicentro) e de Ponta Grossa (UEPG), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Instituto para Pesquisa do Câncer (IPEC) de Guarapuava.

O programa é uma iniciativa do governo do Paraná, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e da Fundação Araucária e conta com o apoio da prefeitura de Guarapuava. Além disso, integram professores e pesquisadores da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto para Pesquisa do Câncer (IPEC) e Universidade de São Paulo (USP).

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