Guarapuava lança Vale do Genoma

Guarapuava é a sede de um novo ecossistema de inovação voltado à pesquisa genética e à inteligência artificial aplicadas à saúde. Batizado de Vale do Genoma, o projeto foi lançado, oficialmente, pelo governador Ratinho Junior nesta segunda-feira (21) em evento online com parceiros da iniciativa.

O projeto tem como objetivo se tornar um polo de startups ligadas à pesquisa genômica, além de englobar também as áreas de meio ambiente e agropecuária.

A iniciativa foi criada pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e envolve atores da academia, iniciativa privada e sociedade civil – articulação conhecida como quádrupla hélice.

“O ativo cerebral que o Paraná possui ultrapassa 20 mil doutores e é muito importante. Mas, às vezes, ele ficava distante do setor produtivo. A pesquisa aplicada é transformadora e de forma muito dinâmica colabora para a qualidade de vida do cidadão, com o desenvolvimento social e sustentável de uma região”, disse o governador.

“Nossa visão é de unir esse setor produtivo, acadêmico, empresarial e privado para que possam conversar, construir em conjunto soluções para a nossa sociedade, para o bem da nossa população”.

“Não tenho dúvidas de que o Vale do Genoma vai ser uma referência no mundo, porque ele já nasceu grande e com oportunidade de reunir muitos talentos. É um orgulho poder participar deste momento histórico do nosso Estado e da ciência brasileira”, acrescentou Ratinho Junior.

Após o lançamento do ecossistema, o objetivo da iniciativa é ampliar a prospecção de novos parceiros empresariais nas áreas correlatas, com vistas principalmente à identificação de oportunidades de negócios inovadores, contribuindo para a competitividade do setor produtivo.

Estrutura – O Vale do Genoma terá como uma de suas plataformas tecnológicas o Instituto para Pesquisa do Câncer (Ipec) de Guarapuava, situado na Cidade dos Lagos, bairro planejado inteligente no município. No local, já foram construídos o Hospital Regional e o Complexo Câncer Center, além dos câmpus da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

As atividades do empreendimento terão foco no desenvolvimento de produtos e serviços viáveis para o mercado. Para tanto, a estrutura laboratorial vai dispor de equipamentos de última geração para o armazenamento e processamento de dados.

Para o David Livingstone Alves Figueiredo, presidente do Ipec e coordenador do curso de Medicina da Unicentro, o Vale do Genoma é algo singular, uma experiência única no País, que traz uma quádrupla hélice para construir, em esforço conjunto, um ambiente inovador.

“É uma mudança de paradigma nessa relação que envolve academia e empresas. Os campos de atuação são muito amplos: o vale vai atuar na área de alimentos, agricultura, pecuária, biotecnologia, além de uma ênfase na saúde humana. Os impactos serão visíveis nas diferentes áreas do conhecimento e no desenvolvimento econômico do Estado”, ressaltou.

O ecossistema é administrado por um conselho lançado em março, composto pelo Governo do Estado, através de um representante da Seti e um da Fundação Araucária; dois institutos de tecnologia, Ipec e Centro de Inovação no Agronegócio (Ciag); e as instituições Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia (FSNT) e Associação Cilla Tech Park.

Conexão – O grande diferencial do Vale do Genoma é a conexão da academia, por meio do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação do Paraná – Napi Genômica, com a iniciativa privada, na busca de soluções e inovações que impactem a qualidade de vida.

Para impulsionar o setor produtivo, o projeto contará com uma venture builder, um tipo de organização com foco no desenvolvimento de novas empresas, por meio do compartilhamento de recursos humanos e logísticos, como infraestrutura física e setores jurídico, contábil e mercadológico.

A instituição vai capitalizar, acelerar e escalonar empresas e startups de acordo com os estudos e soluções propostas pelos pesquisadores.

Desenvolvimento – Para o superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, o mercado está cada vez mais competitivo e, por isso, a articulação de parcerias estratégicas se torna parte importante no processo de desenvolvimento econômico e social.

“Estamos articulando a organização de todos os ativos tecnológicos disponíveis no Paraná em um grande ecossistema de inovação. A ideia é incrementar um celeiro de startups e novos negócios, envolvendo o tema da genômica na saúde humana, assim como agricultura e pecuária, alavancando mais um grande motor de desenvolvimento no Estado”, ressaltou Bona.

Ele explica que as soluções inovadoras e tecnológicas serão produzidas a partir do conhecimento científico, com participação de pesquisadores e membros da comunidade universitária e acadêmica.

“É preciso assegurar oportunidades para alavancar as relações comerciais inseridas nesse ecossistema de inovação, impactando a geração de negócios entre startups e outras empresas”, reforçou o superintendente, mencionando a Rede Paranaense de Pesquisa Genômica, instituída recentemente e que já reúne mais de 270 pesquisadores.

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