Profissionais do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), de Guarapuava disseram à nossa reportagem que em 2018 foram feitos: 1.593, atendimentos (morador de rua e itinerantes), dos quais, 107 são considerados itinerantes nos cadastros do CREAS. Fomos até as ruas para encontrar e conhecer quem são essas pessoas, começando pelo caso de C..38 anos, onde nos contou um pouco de sua história de vida.
Moro na rua há 24 anos, desde que eu perdi a mãe e o pai. Tenho família aqui sim mas eu não gosto de pedir ajuda, não quero incomodar eles, quero tentar conseguir minhas coisas sozinho.
Estou com trinta e oito e anos. Vou te falar a verdade ‘viu’, eu não gosto dessa vida aqui não. Meu sonho é conseguir um trabalho de qualquer coisa, uma casinha. Sonhar a gente sonha ‘né’, não custa nada.
Tá complicado dormir nesse frio, hoje eu ganhei esse cobertor aqui, vai me ajudar bastante. Não tenho um local certo para ficar à noite, às vezes marquises que encontro por aí mas nunca podemos ficar por muito tempo pois as pessoas não gostam ‘né’, tenho que mudar a cada ‘passo’.
Já trabalhei lá em Blumenau quando eu era mais ‘bonitão’ (risos) como auxiliar de cozinha, eu já gostava, ‘viu’. Lá eu fazia de tudo um pouco, ajudava a temperar as carnes, fazia saladas, arroz à grega também (risos) você gosta?! Eu adoraria voltar a trabalhar nessa área mas acho meio difícil.