Em busca de referências para implantar uma Casa de Passagem Indígena em Guarapuava, uma comitiva visitou, na última sexta-feira (27), os municípios de Irati e Ponta Grossa. A ação, realizada por meio de uma parceria entre a prefeitura de Guarapuava e a câmara de vereadores, teve o intuito de conhecer as estruturas dos municípios e sanar dúvidas referentes às políticas públicas pensadas para esta realidade.
“Temos uma demanda antiga com os povos indígenas que estão em trânsito por Guarapuava. Vínhamos, durante os anos, realizando ações emergenciais, principalmente, durante o inverno. Quando assumi a gestão e em contato com a minha equipe, tratamos que essa realidade precisava ser mudada. Esse olhar de maneira digna aos indígenas é uma obrigação.
Temos que garantir que os direitos deles sejam garantidos. Por isso, estamos realizando essa ação intersetorial entre as secretarias de Assistência Social, Cultura e Mulher, e ainda, o poder legislativo, pois entendemos que precisamos pensar de maneira conjunta para termos uma ação eficiente”, declarou o prefeito de Guarapuava, Celso Góes.
Os municípios visitados possuem locais estruturados para ofertar proteção integral aos indígenas em trânsito. Na ocasião, a comitiva teve a oportunidade, ao longo da manhã, de conversar com a equipe da cidade de Irati, onde foi recebida pelos servidores do município e pelos indígenas na Casa de Passagem Indígena de Irati (Capin).
“O prefeito Celso nos colocou algumas missões e metas para a nossa área. Entre elas, resolver algumas demandas antigas e que estão sem solução. Uma dessas missões é a situação dos indígenas em trânsito por Guarapuava. O objetivo dessa visita técnica foi conhecer a realidade dos municípios que possuem uma casa específica para esse público. Pudemos ver o que funciona, o que não funciona, como está, pontos negativos e os pontos positivos para que a gente consiga resolver essa questão de maneira ágil, eficiente e com dignidade”, enfatizou a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Elenita Lodi.
“Eu sempre falo que com o trabalho que a gente faz aqui, estamos tentando pagar um pouco dessa dívida histórica que temos com os indígenas. Ver o interesse de Guarapuava de implementar uma Casa para esse público é muito importante.
Quando nós começamos, não tínhamos em quem se espelhar para começar o trabalho. Então, partimos para a luta. Muita coisa a gente construiu do zero. Acho que isso que vocês estão tendo agora é um privilégio, pois essa troca de experiências é essencial”, destaca Alessandra Colesel, coordenadora da Casa de Passagem Indígena de Irati (Capin).
Já no período da tarde, a equipe seguiu para Ponta Grossa, onde teve agenda na Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG). A comitiva que visitou os municípios foi composta pelas secretárias de Assistência e Desenvolvimento Social, Elenita Lodi, de Cultura, Rita Felchak, de Políticas Públicas para Mulheres, Priscila Scharan, do procurador da Fundação Proteger, Orides Negrello Neto, servidores municipais das Secretarias e da vereadora Professora Beatriz Neves (Profª Bia), que representou o Poder Legislativo.
“A visita com a participação de outras secretarias que estarão junto com a gente é de suma importância. A Secretaria de Cultura e de Políticas Públicas para Mulheres vão ter um papel importantíssimo nas nossas intervenções também na área indígena. Agradecemos ao Poder Legislativo, que é um parceiro que está nos dando todo um suporte para que possamos garantir um trabalho eficiente à população indigena em trânsito por Guarapuava”, salientou Elenita.
Casas de Passagem
A Casa de Passagem Indígena de Irati é um serviço tipificado na política de assistência social como de alta complexidade, com a proposta de ofertar proteção integral aos indígenas em trânsito no município de Irati para a venda de seus artesanatos. O acolhimento é provisório e assegura condições de dignidade a esta população. A Casa tem a capacidade para acolher 20 pessoas, em uma estrutura que conta com área total de 153,13 metros quadrados, com três quartos, sala, cozinha, copa e dois banheiros.
“Eu fico muito feliz da equipe de Guarapuava estar aqui. Eu quero que vocês consigam logo implementar a Casa de Passagem lá (em Guarapuava). Nós queremos o bem para os nossos parentes indígenas. Vocês podem contar comigo para o que precisar. Nós estamos juntos”, ressaltou Antônio Crispim, da aldeia indígena Ivaí, da tribo Kaingang, no município de Manoel Ribas (centro-norte do Paraná).
Por meio de reuniões realizadas entre o cacique e representantes da Fundação de Assistência Social de Ponta Grossa (FASPG), a casa de acolhimento atende apenas indígenas que utilizam os espaços públicos para o comércio de seus artefatos. O prazo para estadia dos integrantes das aldeias na Casa de Passagem é de 15 dias, podendo se estender por um mês. A medida visa atender gradativamente o maior número de aldeias possível, pois Ponta Grossa recebe indígenas de muitos municípios paranaenses, assim como Guarapuava.
“Para nós, essa visita de Guarapuava é muito importante, pois assim, dividimos experiências e informações. Com isso, a gente fortalece o trabalho de todos os municípios que atendem os indígenas em trânsito. Temos que estar preparados para oferecer um atendimento adequado de qualidade por conta das crianças e das mulheres que sempre estão presentes. Outra questão é estarmos preparados para potencializarmos a venda do artesanato que eles vêm comercializar”, contou Karina Muehlbauer, chefe da Divisão de Alta Complexidade da FASPG.
Cartão auxílio alimentação
Durante a visita em Ponta Grossa, a comitiva conheceu o Cartão PG + Humana, um novo modelo de substituição do auxílio de cesta básica implementado pela prefeitura de Ponta Grossa. Este auxílio alimentação possui um caráter eventual, isto é, se constitui como uma prestação temporária.
Em Guarapuava, a intenção da Secretaria de Assistência Social é a implementação de um programa semelhante, onde as famílias em situação de vulnerabilidade que acessam os benefícios eventuais, como cestas básicas, por exemplo, recebam um cartão para a compra dos produtos de alimentação, fomentando a economia local.
“Está no plano de governo do prefeito Celso, a criação de um cartão alimentação municipal, em substituição ao benefício eventual de cesta básica. Essa visita vai nos ajudar a estruturar o nosso programa. Estou bastante empolgada com a implantação deste cartão, que trará dignidade às famílias atendidas pela assistência social. Além disso, esse programa também irá fomentar o comércio local, fazendo a economia girar”, finalizou Elenita.