Estudantes da Unicentro contam com apoio psicológico ao longo da graduação

“Saúde mental”, de acordo com a revisão do Relatório Mundial de Saúde Mental, publicada pela Organização Mundial da Saúde neste ano, “é parte integrante do bem-estar e um direito humano básico”. Nesse sentido, a Unicentro tem se dedicado a promover meios para acolher a comunidade acadêmica em questões relacionadas à saúde mental.

Na Coordenadoria de Apoio ao Estudante (Coorae), por exemplo, há cinco anos, acadêmicos dos três câmpus da universidade – Santa Cruz, Cedeteg e Irati – podem buscar suporte psicossocial para superar os desafios da vida universitária. “Temos atendimento de assistente social, de psicólogo e, se for necessário, conseguimos fazer o encaminhamento também para atendimento com psiquiatra”, pontuou a coordenadora-geral da Coorae, Maria Regiane Trincaus.

Acolhimento e acompanhamento ajudam alguns estudantes a concluírem a graduação (Foto: Pexels)

A necessidade de dar uma atenção especial à saúde mental dos estudantes se confirma com os registros de atendimentos feitos pela Coordenadoria. No ano passado, 113 acadêmicos buscaram ajuda. “Foram 650 atendimentos psicológicos. Depois da pandemia, com o retorno após o isolamento social, a procura por atendimento psicológico acabou sendo maior do que nos anos anteriores”, destacou Regiane. As principais queixas, revela a professora, “são relacionadas diretamente a processos de depressão e, principalmente, de ansiedade”.

Uma das formas de atendimento é por plataforma virtual disponibilizada pela Secretaria de Saúde do Paraná. Pelo aplicativo, é possível se cadastrar e solicitar atendimento psicológico e psiquiátrico online. “Os estudantes também podem nos procurar no campus Santa Cruz, por telefone, ou, ainda, por e-mail”, acrescentou a professora. “Têm muitos casos de estudantes que acabam desistindo da faculdade por causa de problema psicológico, por causa de uma questão relacionada à saúde mental. Muitas vezes, conseguimos auxiliá-los, minimizando danos maiores, inclusive trabalhando efetivamente na redução dos riscos de suicídio ou outras situações que possam ocorrer”.

O cuidado e o bem-estar dos estudantes também é priorizado por alguns projetos de extensão, como é o caso do ‘Mais Vida’. “Tive vários motivos que me levaram a participar do projeto. O primeiro foi quando sofri um aborto retido, quando estava no terceiro ano da faculdade. Isso me causou alguns traumas, trouxe à tona problemas com a pressão da universidade e problemas de infância também. No ano seguinte iniciaram os acontecimentos da pandemia”, revela Graziele Ribeiro dos Santos, uma das pacientes atendidas pelo projeto. Ela conheceu o trabalho de atendimento psicológico por meio da indicação feita por uma amiga e pela, então, orientadora.

Para Graziele, a importância de ter acesso a um atendimento psicológico dentro da instituição de ensino está em ajudar o acadêmico a “tratar coisas que você pensa não ter solução, a ter acolhimento para um problema que você acredita ser só seu e que parece não ter como resolver. Mas, também é preciso que a pessoa queira e reconheça que precisa de ajuda”, pondera. Dos benefícios trazidos pelo acompanhamento, Graziele destaca a superação de traumas e o aprendizado sobre como conviver com conflitos internos. “Participar dos atendimentos me dava muita força para continuar minhas atividades e não desistir. Aprendi a refletir muito sobre as coisas que tinham acontecido e que até continuam a acontecendo, mas que, agora, aprendi a lidar”, refletiu.

Atendimentos visam prevenção e promoção da saúde dos estudantes (Foto: Freepik)

Coordenado pela professora Carla Luciane Blum Vestena, o ‘Mais Vida’ teve início há quatro anos e, agora, está na segunda edição. O projeto visa a prevenção e a promoção de saúde mental na universidade. Entre 2020 e 2021, período de pico da pandemia de Covid-19, mais de 50 estudantes procuraram o projeto. “As atividades são muito amplas. Já tivemos reuniões – tanto com estudantes quanto com agentes universitários, encontros com pessoas da área da saúde – como psicólogos e psiquiatras. e temos também um movimento de prevenção ao suicídio”, contou a professora.

O trabalho feito pelo projeto também possibilitou o desenvolvimento de um artigo científico que teve como foco a saúde mental de estudantes do primeiro ano, que são os ingressantes no ensino superior. “Constatamos que muitos deles já vêm com um quadro de depressão e ansiedade. Ao entrar nessa estrutura de universidade, que é diferenciada, e acrescentando a questão da crise própria dessa fase de 17 a 18 anos, eles que acabam entrando em sofrimento psíquico”, observou.

Renan Ratis cursa o último ano do mestrado em Ciências Farmacêuticas e é um dos estudantes que procurou suporte psicológico no projeto. “Minha orientadora me indicou porque percebeu que eu não estava muito bem e foi incrível. Antes, eu não conseguia fazer minhas coisas, me sentia travado por causa da ansiedade e a ajuda dos atendimentos e das terapias me ajudou a encarar isso e consegui terminar minha dissertação”, relatou.

O acompanhamento, descreve Renan, era feito de forma híbrida – algumas vezes presencias e, em outras, on-line. Por meio das conversas e das orientações, o estudante conseguia compreender melhor o momento pelo qual estava passando e o porquê determinadas situações o estavam afetando. “Quando descobria, conseguíamos entrar de forma mais profunda nessas circunstâncias da minha vida. Eram diversas terapias focando sempre nesses assuntos e, pela compreensão do que estava acontecendo, eu ia melhorando”, lembrou.

Para ele, é fundamental que a universidade se preocupe com o bem-estar e com a saúde mental dos acadêmicos tendo em vista que as responsabilidades da vida universitária acarretam ainda mais estresse ao cotidiano dos estudantes. “É necessário fazer esses atendimentos voltados para a comunidade universitária e, também, instruir os professores sobre o fato de que jovens têm tendência a um estresse maior, principalmente nesse momento”, avaliou. “É um período de crise, tem a saída do ensino médio; muitas vezes, a saída de casa; a passagem da adolescência para vida adulta. Então, o trabalho com a saúde mental na universidade é extremamente importante porque vai dar suporte para que esses estudantes possam passar por esse período de uma forma menos sofrida”, completou a professora Carla Blum.

Serviço:

Coordenadoria de Apoio ao Estudante – Coorae

Campus Santa Cruz – Guarapuava

Telefone: (42) 3621-1387

E-mail: [email protected]

Projeto de Extensão “Mais Vida”

Coordenação: Carla Luciane Blum Vestena

Contato: (42) 98401-3214

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