Estado promove leilão de 17.391 veículos para reciclagem

O Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) publicou nesta semana um novo edital para leilão de materiais ferrosos para reciclagem, que acontece no final deste mês, seguindo leis estaduais, federais, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e o Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

Este é o primeiro leilão administrativo realizado 100% pelo Detran-PR, com a condução realizada pelos servidores da autarquia, sem a utilização de leiloeiros.

São 17.391 veículos distribuídos em mais de 280 pátios, que serão ofertados em três lotes (Curitiba e Jacarezinho; Londrina e Maringá; e Cascavel, Francisco Beltrão e Guarapuava). A estimativa de peso é de 6 mil toneladas.

Serão ofertados materiais ferrosos para reciclagem resultante da trituração das sucatas inservíveis de veículos que estão sem identificação ou regularização com o órgão executivo estadual de trânsito. O lance inicial terá por base o valor de quilograma do material ferroso a ser reciclado, avaliado em R$ 0,25, perfazendo o valor global mínimo de R$ 1,5 milhão.

“Todos os veículos leiloados nessa fase serão no modelo ferroso. Eles passam por uma descontaminação e prensagem para serem usados em reciclagem. O Detran-PR não vai vender nessa etapa nenhum veículo para circulação.

Isso é importante porque nós estamos enfrentando cotidianamente a situação de aproveitadores querendo levar as pessoas a entender que estão comprando um veículo em um leilão público e isso configura fraude, por isso orientamos os interessados a consultarem as informações no site oficial”, afirma Adriano Furtado, diretor-presidente do Detran-PR.

Os interessados (pessoas jurídicas que trabalham no ramo siderúrgico ou de fundição) poderão examinar os itens que serão leiloados no local onde se encontram depositados, de segunda à sexta-feira, das 08h às 14h, nos 10 dias que antecedem ao leilão, com agendamento prévio da visita por meio do telefone (41) 3361-1274. Os endereços estão no edital.

Os interessados devem enviar os documentos solicitados no edital até o dia 18 de agosto, por meio do e-mail leilao@detran.pr.gov.br, ou protocolar eles pelo sistema e-Protocolo do Estado do Paraná no site: www.detran.pr.gov.br/eprotocolo.

Até o dia 22 de agosto serão publicadas as empresas que estarão devidamente habilitadas a participar, após análise da documentação.

O leilão será realizado no dia 24 de agosto, a partir das 13h30, no auditório do Bloco A do Detran-PR. Os interessados efetuarão sucessivos lances, de forma presencial, a partir do valor mínimo definido para o lote, considerando-se arrematante o licitante que fizer o maior lance.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.