Engenharias são profissões em alta em nova lista

Crea-PR e ABRH-PR destacam que profissionais deverão reunir habilidades interpessoais e pensamento inovador nas carreiras. Em Guarapuava, oferta de cursos desta área está disponível em cinco instituições de ensino superior.

No início de dezembro, na Conferência Mundial de Inteligência Artificial, em Shanghai (CHI), o bilionário Elon Musk, que está à frente da Tesla e SpaceX e foi um dos fundadores do PayPal (serviço de transferência de dinheiro), declarou que as Inteligências Artificiais (IAs) terão impacto em alguns trabalhos, tornando-os pouco necessários. Para Musk, reconhecido por iniciativas visionárias, a sociedade valorizará a interação humana e os trabalhos do futuro estarão ligados às pessoas e às Engenharias.

Algumas áreas das Engenharias também constam na lista “Empregos em Alta 2022” (https://bit.ly/3rXTFbh) do LinkedIn, levantamento anual divulgado em 18 de janeiro, com 25 cargos com demanda em ascensão no Brasil nos últimos cinco anos e as tendências que definem o futuro do mundo do trabalho.

As características e habilidades já são alvo de atenção do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) e da ABRH-PR (Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná). O fator humano é, e continuará sendo, fundamental para os representantes da autarquia e da entidade.

“O Crea trabalha com a fiscalização das profissões relacionadas com as Engenharias, Agronomia e Geociências. Mas, para fiscalizar, é preciso entender o contexto, ser mais abrangente e saber de que forma os profissionais estão atuando”, analisa o engenheiro civil Ricardo Rocha, presidente do Crea-PR.

As profissões ligadas à economia verde e à matriz energética estarão em alta, com oportunidades para engenheiros e geógrafos, por exemplo. A gestão de recursos humanos também será mais valorizada.

“Softwares já estão automatizando muitas funções relacionadas às profissões afetas ao Crea. Mas, continua havendo a necessidade de profissionais supervisionando os processos, pensando e criando as regulamentações e acompanhando a implantação nas novas tecnologias. A criatividade e a inovação são inerentes ao ser humano e continuarão sendo muito valorizadas nas carreiras associadas às Engenharias, Agronomia e Geociências”, pondera Ricardo Rocha.

Mudanças aceleradas

O impacto da tecnologia nas carreiras tem sido discutido na ABRH-PR, assim como estratégias de gestão e as relações profissionais. “Desde 2018, já estávamos alinhados com as novas demandas do mercado de trabalho, procurando concentrar as discussões sobre a possibilidade dos robôs, softwares e IA. Entretanto [na pandemia], aquelas organizações que mantiveram o foco no ser humano, se adaptaram rapidamente ao novo modelo e elevaram inclusive os níveis de produtividade”, analisa Gilmar Silva de Andrade, presidente da ABRH-PR.

Nova formação

O futuro dos profissionais passa pelos cursos de graduação. O Crea-PR conta, em sua governança cooperativa, com o Colégio de Instituições de Ensino (CIE). O Colégio reúne inspetores e conselheiros, representantes de Entidades de Classe, Instituições de Ensino, profissionais, empresas e órgãos públicos. O coordenador estadual do CIE, o engenheiro agrônomo José Abramo Marchese, professor da UTFPR Campus Pato Branco, detalha a preocupação com a melhoria dos processos de formação profissional e com o ensino das Engenharias em função do mercado.

O CIE tem buscado apoiar as instituições de ensino na implantação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais da Engenharia, em áreas como extensão, EAD e residências técnicas. “Mais do que mudanças nas grades curriculares, o que se propõe é uma correção de rumo para atender às demandas futuras por mais e melhores engenheiros, com conceitos atuais como a formação baseada por competências, o foco na prática, a aprendizagem ativa e uma maior flexibilidade na constituição do currículo”, lista Abramo.

Além do debate nas reuniões estaduais do CIE, os coordenadores regionais tratam de ampliar o debate em reuniões com os coordenadores dos cursos locais vinculados ao Crea-PR.

Em Guarapuava, as exigências mercadológicas já fomentam o crescimento nas ofertas de cursos de graduação voltados às engenharias. A cidade possui cinco instituições de ensino superior, sendo duas públicas e três da rede privada. Em todas, há pelo menos dois cursos de engenharia em andamento, injetando novos profissionais no mercado todos os anos.

Em uma instituição da rede privada, os cursos de Agronomia, Engenharia Civil e de Software são recentes e a abertura responde a uma necessidade de mercado identificada. “Fizemos um levantamento para oferta de novos cursos e, nessa pesquisa, foi constatada a grande procura dos estudantes por essas áreas”, detalhou a assessoria da Instituição.

Para o gerente da Regional Guarapuava do Crea-PR, Thyago Giroldo Nalim, o crescimento da busca por qualificação mostra não apenas uma necessidade estratégica de mercado, mas também a valorização da classe.

“As atividades desenvolvidas pelos engenheiros estão na base econômica de muitos municípios da região Centro Sul do Paraná. Dessa forma, o engenheiro é o profissional com qualidade, conhecimento e responsabilidade técnica para atuar em funções que geram renda, sustentam famílias e movimentam a economia”, avaliou.

Profissões impactadas

A pandemia de Covid-19 acelerou o processo de transformação digital de empresas e indústrias. O que estava previsto para acontecer em cinco anos acabou ocorrendo em meses. O presidente da ABRH-PR comenta que as profissões mais impactadas foram aquelas que, na estrutura curricular de formação, têm pouca relação com a tecnologia e o raciocínio lógico.

As Engenharias, Agronomia e Geociências, pelas pesquisas divulgadas e monitoradas pela ABRH-PR, foram mais demandadas no período da pandemia, em razão do perfil dos profissionais e a habilidade para resolução de problemas.

“Se você é líder, faça a sua gestão do trabalho centrada nas pessoas, procurando estabelecer conexões que façam sentido com o propósito de transformar as organizações e, por sua vez, o mundo do trabalho”, aconselhou o presidente da ABRH-PR.

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