Dia Nacional do (a) Engenheiro (a) Agrônomo (a): qual o papel desses profissionais na qualidade da produção alimentar?
O mundo vive o desafio global de combater a fome e garantir acesso a uma alimentação segura e nutritiva. Uma missão tão política quanto técnica, que envolve, sobretudo, os protagonistas na produção de alimentos mundial: os engenheiros e engenheiras agrônomas. Profissional indispensável para a atualidade, ele atua em todas as etapas da produção alimentar, desde o estudo das condições de plantio até a venda do produto final.
A profissão é celebrada no Brasil neste 12 de outubro, com o Dia Nacional do Engenheiro Agrônomo. Em todo o país, são 120.280 profissionais com registro. No Paraná, onde a produção de alimentos é uma das forças econômicas estaduais, 17.711 profissionais registrados estão em atuação, sendo 1.314 deles da regional de Guarapuava.
O Brasil, como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo tem, neste cenário, o engenheiro agrônomo como um dos profissionais com maior participação nesse processo. Ou seja, seu trabalho está diretamente ligado na produção dos alimentos que chegam em nossas mesas, todos os dias. Presente com papel fundamental neste meio, a agricultura familiar conta, cada vez mais, com a presença dos profissionais agrônomos.
O papel do agrônomo na produção de alimentos saudáveis
Com presença e participação atuante dos profissionais agrônomos para potencializar a produção de alimentos saudáveis, a agricultura familiar gera 35% do PIB brasileiro, sendo o setor econômico mais impactante na economia de 90% dos municípios com menos de 20.000 mil habitantes. De acordo com a Organis (Associação de Promoção dos Orgânicos), um estudo de 2021 mostra que 31% dos brasileiros consomem algum item orgânico em um período de 30 dias.
Este casamento entre o trabalho de produção de alimentos, feito pelo profissional agrônomo, e a agricultura familiar, revela um olhar atual atento a nossa qualidade e segurança alimentar, tema estabelecido no Dia Mundial da Alimentação, celebrado neste 16 de outubro, com o intuito de desenvolver uma reflexão a respeito do quadro atual da alimentação mundial.
A engenheira agrônoma, Angélica Servegnini de Wallau, atua unindo as duas temáticas: ela trabalha com agricultura familiar no Sudoeste do Paraná e no Oeste de Santa Catarina. Conforme a profissional, sua função consiste em “construir formas possíveis de coabitar e produzir em sincronia com o ambiente”, enfatizou.
Atualmente, por intermédio da COOOAFI-FB/CRESOL e da ICAF-SC, Angélica realiza assessoria técnica e acompanhamento de famílias agricultoras camponesas que estão em processo de transição agroecológica ou que desejam produzir sem o uso de agrotóxicos. Um trabalho de extrema relevância e alcance, já que a maioria das famílias envolvidas produz alimentos para programas institucionais como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), possibilitando que as escolas municipais e estaduais recebam alimentos vindos diretamente da agricultura familiar. “De maneira mais direta, acompanho 34 famílias, mas, se considerarmos todo o processo – plantio, colheita, armazenamento, distribuição e consumo – indiretamente, esse trabalho impacta na saúde de um número muito maior de pessoas”, avaliou.
Outra política pública que envolve o trabalho de Angélica é o Compra Direta Paraná, onde os alimentos produzidos pela agricultura familiar são entregues diretamente à rede socioassistencial do Estado e repassados às famílias em insegurança alimentar e às instituições filantrópicas. “Além disso, muitas destas famílias agricultoras também realizam venda direta ao consumidor através de cestas, feiras, sistema pague e colha ou vendas de porta em porta”, complementou.
Desafios profissionais para a segurança alimentar mundial
Os programas acima citados são exemplos de iniciativas municipais, estaduais e federais que, atualmente, permitem e facilitam a produção da agricultura familiar no mercado, mas estão longe de serem o suficiente. “A agricultura familiar produz grande parte dos alimentos que vão, principalmente in natura e/ou minimamente processados, para nossas mesas. E são alimentos saudáveis, seguros, produzidos com responsabilidade social e ambiental, comercializados a preço justo. Comer melhor significa necessariamente termos uma agricultura familiar com condições de produzir e comercializar e, para isso, precisamos de políticas públicas”, considerou a profissional.
Neste sentido, Angélica vê o olhar do engenheiro agrônomo como fundamental para a base desta cadeia sustentável. “Acredito que para trabalhar com a agricultura familiar é necessário entender e respeitar sua diversidade. Como agrônoma, procuro entender os anseios de todos os membros da família, também os quereres das mulheres e dos jovens, para só então traçarmos os projetos produtivos. O trabalho de transição agroecológica é antes de tudo pedagógico, pois visa lançar um olhar sobre o atual sistema produtivo e alimentar e construir caminhos de autonomia para as famílias”.
Desse modo, quando se fala em alimentação, é preciso pensar em qual alimentação estamos nos referindo e para quem. “Ampliar o acesso de todos a alimentos saudáveis e seguros é também um dos pressupostos da agroecologia, pois trabalhamos o preço justo dos alimentos orgânicos e não o vemos enquanto produto ou nicho de mercado. Produzir comida saudável e ter acesso a ela é acima de tudo uma decisão política e não somente produtiva”, ponderou a profissional.
Dia Nacional do Engenheiro e da Engenheira Agrônoma
A data é celebrada no Brasil em 12 de outubro em alusão ao dia da regulamentação do exercício da profissão através do Decreto 23.196/33, promulgado pelo presidente da República, Getúlio Vargas. Engenharia Agronômica foi a primeira profissão de nível superior a ser reconhecida no Brasil.