A Controladoria-Geral do Estado (CGE) deu início nessa segunda-feira (02), Dia Nacional contra o Assédio Moral, a campanha institucional para estimular e preservar o ambiente de trabalho saudável. A primeira ação foi a palestra “As múltiplas faces do assédio”, ministrada pela professora Ariane Pereira, que pode ser conferida no canal da CGE PR no YouTube.
Para o controlador-geral do Estado, Raul Siqueira, tanto o assédio moral quanto o assédio sexual comprometem a saúde do servidor e corrompem as relações de trabalho. “Nossa política de gestão e de compliance é de propiciar o desenvolvimento e a capacitação dos servidores e, com isso, garantir a boa condução da administração pública. O raciocínio para saber se sua conduta ou comportamento é inadequado é: coloque-se no lugar do outro”, completou Siqueira.
Ele anunciou uma nova capacitação que estará disponível na Escola de Gestão, vinculada à Secretaria da Administração e da Previdência. Esse curso tem duração de 24 horas e pode ser feito pelo servidor a qualquer momento.
No ano passado, o Governo do Estado editou o decreto 7.791/2021 que traz medidas de proteção à identidade dos denunciantes.
“A campanha no mês de maio é compromisso para inibir assédios e instrumentalizar o servidor. Orientamos as vítimas a denunciarem na Ouvidoria e a amealharem provas, para que o processo seja bem instruído e se consiga adequar a punição”, detalhou Gil Souza, diretor de Auditoria, Controle e Gestão.
A professora Ariane Pereira coordena o Projeto Florescer – A universidade como propulsora de políticas públicas para mulheres, da Unicentro, em Guarapuava, desde 2018. Ela foi a convidada pela Coordenação de Desenvolvimento Profissional para falar com os servidores. A pesquisadora reforçou que combater o problema passa por dar nome e forma a ele.
“A maior dos casos de assédio é cometida contra mulheres, mas a transformação precisa envolver todos os gêneros. Nossas práticas socioculturais estão baseadas no patriarcado e machismo, o que interfere no nosso modo de ser e estar no mundo”, refletiu Ariane.
Ela ressaltou que, como o corpo é individual, o limite também é dado por cada pessoa, quando se fala em invasão de espaço.
“Calar não é consentir. A pessoa pode se sentir constrangida em falar ou se opor a alguma observação ofensiva. Às vezes até por desconhecer o que é assédio”, detalhou a professora.
Ariane completou que se a pessoa se sentiu ameaçada ou com medo, o comportamento que causou esses sentimentos é assédio.
De acordo com Ariane, a própria sociedade naturaliza comportamentos violentos de homens e costuma julgar a vítima, que se sente intimidada por imaginar o que “os outros vão pensar”.
Ela comentou os comportamentos normalmente usados para intimidar e desqualificar mulheres. “A responsabilidade é sempre do assediador, não podemos compactuar com a cultura do estupro”, completou.