Cervejas artesanais paranaenses são premiadas em concurso nacional
Vinte e três cervejas paranaenses foram premiadas durante a 9ª edição do Concurso Brasileiro de Cervejas 2021 (CBC 2021), em Blumenau (SC), no último dia 18. O evento reuniu 467 cervejarias de todo País com 3.162 rótulos em 134 categorias.
O Paraná foi o terceiro colocado em número de medalhas com 50 premiações. O turismo cervejeiro é uma vertente do turismo gastronômico e a cerveja produzida no Estado é reconhecida nacionalmente.
O Rio Grande do Sul ficou em segundo lugar, com 53 premiações, e Santa Catarina conquistou o primeiro, com 64. Entre as estrelas do evento está a cerveja maturada em barris de madeira envelhecida.
As paranaenses competiram com gigantes do universo cervejeiro e venceram grandes nomes, como a Ambev, uma das maiores empresas do setor, e a Heineken, que está entre as grandes marcas mundiais.
Para o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, o segmento da cerveja artesanal deixou de ser uma bolha de mercado, ganhou robustez, se solidificando entre consumidores cada vez mais exigentes. “O turismo gastronômico é um segmento de destaque no Paraná e o setor cervejeiro está nesse contexto, com premiações e reconhecimento pela qualidade dos produtos”, disse.
Nessa edição do concurso, pequenas cervejarias do interior do Estado ganharam medalhas nas categorias que envolvem maior complexidade na produção. Entre elas, a Wood and barrel aged (cervejas maturadas em barril de madeira envelhecida), uma nova tendência de mercado. A cerveja artesanal Lager Oak – Barba de Serpente –, fabricada em Foz do Iguaçu, conquistou a medalha de prata.
A categoria é uma das mais disputadas. A iguaçuense é maturada nos barris de carvalho usados para o envelhecimento das cachaças paranaenses Novo Fogo e Porto Morretes, campeãs em prêmios nacionais e internacionais – Porto Morretes foi considerada a melhor do Brasil. Ambas são fabricadas na cidade de Morretes, no Litoral do Estado.
A premiação é mais um componente que ratifica a posição do município do extremo Oeste como um dos mais procurados destinos turísticos do mundo, devido às suas belezas naturais e, também, pelo leque diversificado de atrativos na área de gastronomia. Foz do Iguaçu é o primeiro município paranaense que tem uma lei especifica de apoio às microcervejarias. A legislação vem fomentando o mercado local e atraindo novas empresas.
O secretário Márcio Nunes observou que a premiação da cervejaria de Foz une dois destinos turísticos importantes na rota gastronomia. “Os barris da melhor cachaça do País foram usados para fabricar a cerveja. Um novo roteiro de viagem pode ser traçado entre o Litoral e o extremo Oeste do nosso território pelo turista que busca a qualidade e os sabores exóticos de comida e bebidas.
Mercado Cervejeiro – Eventos desse porte são excelentes oportunidades para que o mercado conheça os produtos disponíveis. NO CBC, as avaliações e comentários dos juízes ficam disponíveis para os inscritos que podem melhorar os seus processos produtivos e mensurar como os rótulos estão chegando aos consumidores.
Com a crise econômica, o pequeno empresário sabe que é necessário ampliar as possibilidades de venda. Desde o início da pandemia, a venda da bebida caiu 70%, conforme divulgou a Associação de Microcervejarias do Paraná (Procerva), em dezembro de 2020.
De acordo com o presidente da Procerva, Iron Mendes, a cerveja artesanal paranaense gera cerca de 400 empregos diretos em 41 microcervejarias associadas à entidade. Segundo ele, proporcionalmente, o setor gera mais empregos por litro produzido que os grandes fabricantes. Com a pandemia, houve uma redução de 30% dessa força de trabalho.
“Ter 50 premiações num concurso gigantesco como esse, após 365 dias com restrição da circulação de pessoas, é resultado do empreendedorismo do paranaense que está sempre inovando e buscando qualidade para os seus produtos. É essa característica que faz do Paraná um Estado cada vez mais competitivo”, concluiu o presidente.
André Poletti, assessor de Marketing da Paraná Turismo, ressalta que Foz do Iguaçu, o maior polo de turismo internacional do Estado, oferece uma gastronomia rica e diversificada. “O resultado do CBC atesta a qualidade do produto cervejeiro apresentado pelo Paraná e a potencialidade do nosso principal cartão de visitas, as Cataratas do Iguaçu”.
No município, a alteração da Lei 4.559/2017 facilitou o processo de regularização e consolidação da atividade para estabelecimentos que não ultrapassam o limite de 20 mil litros mensais de produção e armazenagem. “O poder público incentivou o surgimento de novas empresas e essa premiação para uma cervejaria da nossa cidade é resultado desse trabalho”, disse o secretário de Turismo de Foz do Iguaçu, Paulo Angeli. “Inseriu o destino na rota do turismo gastronômico”.
Cervejarias premiadas agregam inovação e qualidade
A cerveja premiada e fabricada na tríplice fronteira pela Cervejaria 277 Craft Beer traz no portfólio mais de 40 rótulos. O proprietário, Agenor Maccari Junior, é responsável pela formulação da cerveja e reforça a importância do concurso para Foz do Iguaçu e Estado do Paraná. “A cena cervejeira em Foz está em franco crescimento”, destaca o responsável pela formulação da Lager Oak.
Guilherme Silvestre, mestre cervejeiro da empresa, ressalta que ter um rótulo em uma das competições que envolvem as cervejas mais complexas do País coloca Foz no cenário nacional dessa categoria. “Nos motiva a continuar prezando sempre pela qualidade de nossos produtos”.
Na Região Metropolitana de Curitiba, entre as seis cervejarias premiadas, (Alright Brewing, Asgard, Bodebrown, Cervejaria Bonato, Cervejaria Xamã,Frohenfeld Craft Brewery), outra despontou no meio de gigantes. Inspirada na Cultura viking, a OlBeer, de São José dos Pinhais, foi medalha de prata no CBC 2021. Em 2019, conquistou medalha de bronze na categoria Belgian IPA, na Copa das Cervejas de América promovida no Chile.
Isadora Neier, que divide o prêmio com o também cervejeiro Eduardo Vosgerau, disse que o concurso dá muita visibilidade para os participantes e oportuniza novos negócios. “É uma vitrine. Nos motiva a continuar buscando mais qualidade nesse mercado que só cresce no cenário internacional e atrai novos olhares para as cervejarias paranaenses”.
Em Umuarama, a Cervejaria Divino Malte, com apenas dois anos de mercado, trouxe duas medalhas para o município. “Levamos dez rótulos apenas para ser avaliados pelos juízes internacionais e fomos surpreendidos”, disse o cervejeiro Rodrigo Almeida Mossurunga Moraes.
No município de Maringá, a Cervejaria Cathedral teve 15 premiações. Juntamente com o título de Melhor Cervejaria, vieram cinco ouros, três pratas e seis bronze.
A Cervejaria Sabores de Malte – outra maringaense – voltou para casa com oito medalhas – duas de ouro, três de prata e três de bronze. A Cervejaria Redcor ficou com duas medalhas de bronze.
Ponta Grossa foi premiada com as Cervejarias Brauerei Schultze e Strasburger. Guarapuava obteve medalhas com a Água do Monge; Jordana, Metzgerbier e Suábia. A Cervejaria Von Borstel (Londrina), Onírica Cervejaria (Bituruna), Stima Cervejaria (Rolândia) e a Cervejaria Baronesa (Castro) também elencam a lista de empreendimentos medalhistas.