Artigo: O que nos mantém vivos?

Mais um ano se inicia na vida de todos nós. Ficamos “bonzinhos” na época de Natal, fizemos promessas de mudanças para 2024 e seguimos enfrentando novos e velhos problemas. É verdade que em termos de Brasil, estamos evoluindo em diversos aspectos no esforço concentrado para reparar danos do passado.

Ao olhar com atenção além de nós, para o Mundo como um todo, surge uma pergunta: O que nos mantém vivos? A fé, a esperança em dias melhores para muitas pessoas. Ter saúde, responderão outras. Várias dirão que os seus compromissos familiares, os que amam e delas dependem. Algumas afirmarão que é ter sonhos. Tudo isso é verdadeiro.

Para nos manter vivos há, entretanto, outras necessidades que passam pela paz, meio ambiente, segurança alimentar, cultura, educação e, claro, o equilíbrio econômico com crescimento sustentado. Respeito é essencial. Soberania, independência, liberdade, democracia e direitos humanos. Nesse âmbito, está a Política – desde que assim, com letra inicial maiúscula.

Temos visto tantos desentendimentos, incompreensões, projetos pessoais e não coletivos, corrupção, violência que corremos o risco do mal maior: a desesperança. Lembro-me de que em 1973, em plena a ditadura que prendia, torturava e não hesitava em matar pessoas que pensavam diferente, Esther Góes e Renato Borghi, corajosamente, fizeram uma colagem de textos do dramaturgo e poeta alemão Bertold Brecht e montaram a peça “O Que Mantém Um Homem Vivo?”, direção do próprio Borghi e de José Antonio de Souza. Quase 10 anos depois, já próximos da redemocratização, eles remontaram o espetáculo, em 1982, desta feita com direção de Elias Andreato e Marcio Aurélio.

Em 2019, o mesmo Borghi, então comemorando 60 anos de carreira, mais uma vez exibe a mesma peça em um período de nossa História em que víamos a ascensão de um brutal radicalismo confrontando direita e esquerda, sob um surto de dissonância cognitiva com ataques de todo tipo às instituições e, em especial, mais uma vez agredindo os que pensavam diferente. Um ano depois, o Brasil e o Mundo ainda sofreriam com a pandemia da Covid-19. Borghi foi repetitivo? Não, porque necessário.

Mais tarde, já no pós-período eleitoral de 2022, os “camisas verderelas” ocupavam as portas de quarteis do Exército, fechavam estradas e, integrantes de uma seita que não aceita a realidade, cantavam o Hino Nacional Brasileiro em torno de um pneu e acendiam a lanterna de seus celulares para o céu pedindo intervenção extraterrestre contra a decisão do voto popular. Opção que, constitucional e legitimamente, havia elegido um novo presidente da República. No início de 2023, esses mesmos supostos nacionalistas, ao pior estilo nazista/fascista, invadiram os prédios dos três poderes em Brasília e depredaram o patrimônio público, incluindo peças históricas e obras de arte.

O que nos mantém vivos? Ao que nos mostra a História, a resposta inclui a Arte. Está nas pessoas que com seus textos, sons e imagens, ao longo do tempo, não medem riscos e esforços para dizer a verdade e nos conscientizar para que coisas ruins não aconteçam de novo. Que esses adoráveis teimosos, pessoas indispensáveis, sigam eternamente lutando por todos nós. Só assim, a cada 12 meses, poderemos desejar: “Feliz Ano Novo!”

Ricardo Viveiros é jornalista e escritor. Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e autor de vários livros, dentre os quais: “Memórias de um tempo obscuro”. Apresenta às sextas-feiras, 23 horas, “Brasil, mostra a tua cara!” na TV Cultura.

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Unicentro está com inscrições abertas para a Operação Rondon Paraná

Neste ano, a ação será realizada de 9 a 22 de julho em municípios do norte do estado

A Operação Rondon Paraná 2025 está com as inscrições abertas para a seleção de estudantes e professores para atuarem no projeto. Neste ano o Rondon vai ser realizado de 9 a 22 de julho em municípios do norte do estado. As despesas dos rondonistas serão custeadas pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).

No caso do aluno, os requisitos para participar são estar regularmente matriculado em curso de graduação da Unicentro a partir do 2º ano; ter disponibilidade de participar das atividades de formação e do período da operação; e ter 18 anos ou mais até o dia 8 de julho. Além disso, o estudante não pode ter participado de edições anteriores do Rondon, seja de operação nacional ou regional.

O acadêmico pode desenvolver atividades no conjunto A – Cultura; Direitos Humanos e Justiça; Educação; e Saúde – ou no conjunto B – Comunicação; Meio Ambiente; Tecnologia e Produção; e Trabalho. Cada conjunto é composto por 12 rondonistas, sendo 10 alunos e dois professores. A seleção de alunos é composta por análise da ficha de inscrição e das propostas de trabalho, além de entrevistas com os aprovados na fase de análise.

Os acadêmicos podem se inscrever gratuitamente até o dia 14 de maio por meio do Sistema de Gestão de Eventos (SGE). Já os professores devem realizar as inscrições por meio de formulário até o dia 22 de abril. Docentes que já participaram de edições anteriores também podem se inscrever.

O Rondon é uma oportunidade para que o aluno tenha uma formação que vai além da sala de aula, pois a extensão proporciona experiências que contribuem para uma visão humanizada sobre a sociedade. “Uma formação mais complementar para os alunos, uma formação diferenciada, o convívio coletivo. Também humanização, porque às vezes a gente fica tão atrelado à sala de aula, à pesquisa e não vê o outro lado do muro da universidade”, comentou a coordenadora institucional do Projeto Rondon na Unicentro, Mônica Nunes.

Operação Rondon

Coordenado pelo Ministério da Defesa, o Rondon teve sua primeira edição realizada no ano de 1967. Essa operação, que ocorreu em Rondônia durante 28 dias, reuniu alunos e professores da Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro), da Universidade Federal Fluminense e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Já o Rondon Paraná iniciou oficialmente no ano de 2023. Organizado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), por meio das pró-reitorias de Extensão e Cultura das sete universidades estaduais do Paraná.

Além do impacto na formação do estudante, o projeto tem uma grande importância na promoção da cidadania e de benefícios para os locais por onde passa. “Na primeira edição foram 14 mil pessoas beneficiadas. No ano passado, nós tivemos 888 ações de todas as universidades nos 11 municípios e aproximadamente 40 mil pessoas beneficiadas. A intenção é que essas pessoas sejam multiplicadoras dessas ações. Não são atividades mirabolantes, são atividades simples que os municípios pedem, mas que fazem toda a diferença”, finalizou Mônica.