Artigo: Inteligência Artificial como aliada do sistema público de ensino

O sistema público de ensino brasileiro enfrenta inúmeros desafios que comprometem a qualidade da educação oferecida aos alunos. Entre as principais dificuldades estão a infraestrutura deficiente, a escassez de recursos didáticos, a formação inadequada dos professores, a alta taxa de evasão escolar e a desigualdade educacional. Esses problemas criam um ambiente desfavorável ao aprendizado, dificultando o desenvolvimento integral dos estudantes.

A precariedade das instalações escolares é uma das maiores barreiras. Muitas escolas carecem de espaços adequados, como bibliotecas, laboratórios e áreas de recreação, e a manutenção das estruturas físicas é frequentemente negligenciada. Como resultado, as salas de aula ficam mal equipadas e sem condições mínimas de conforto para alunos e professores. A falta de recursos didáticos, como livros, computadores e outros materiais essenciais, agrava ainda mais essa situação, dificultando a prática pedagógica.

Só para se ter uma ideia, na época da pandemia, dez Deputados e especialistas da área avaliaram a infraestrutura da rede pública de educação e encontraram problemas graves. A rede de ensino básico, que atende 80% dos alunos, apresentou metade das salas de aula inadequadas, muitas escolas apresentaram-se em condições precárias de higiene, e mais de 4,3 mil escolas não têm banheiro. Além disso, mais da metade dos funcionários não têm banheiros exclusivos e pelo menos três mil escolas funcionam sem abastecimento de água.

A formação dos professores também é um aspecto crítico que precisa de atenção. Muitos educadores não recebem a preparação necessária para atender às demandas do ensino contemporâneo, o que impacta diretamente a qualidade do aprendizado. A atualização constante e a capacitação contínua são fundamentais para que os professores possam acompanhar as novas metodologias de ensino e as inovações tecnológicas.

A alta taxa de evasão escolar também se destaca como um desafio significativo. Diversos fatores contribuem para essa realidade, incluindo condições socioeconômicas desfavoráveis, falta de interesse dos alunos e a necessidade de trabalhar para ajudar no sustento da família. A evasão compromete o futuro dos jovens e perpetua o ciclo de pobreza e desigualdade, criando um cenário preocupante para a sociedade.

A desigualdade educacional é uma questão central no sistema de ensino brasileiro. As disparidades entre escolas urbanas e rurais, bem como entre diferentes regiões do país, são evidentes. Enquanto algumas instituições em áreas urbanas mais desenvolvidas contam com melhores condições, muitas escolas localizadas em áreas rurais e nas periferias das grandes cidades enfrentam sérias limitações, ampliando as desigualdades educacionais.

Nesse cenário, a inteligência artificial surge como uma ferramenta promissora para enfrentar essas dificuldades e melhorar a educação pública no Brasil. Elas podem, por exemplo, personalizar o aprendizado, adaptando o conteúdo às necessidades e ao ritmo de cada aluno. Essa personalização é especialmente relevante em salas de aula com grande diversidade de níveis de conhecimento, onde os professores enfrentam desafios para atender individualmente cada estudante.

Além disso, também pode contribuir para a formação e capacitação dos professores. Plataformas de ensino online que utilizam recursos de IA podem oferecer cursos e treinamentos personalizados, permitindo que os educadores se atualizem constantemente e aprimorem suas práticas pedagógicas. Essas plataformas também têm a capacidade de fornecer feedback em tempo real, ajudando os professores a identificar áreas de melhoria e a desenvolver suas habilidades.

Outro aspecto importante é seu potencial para monitorar e combater a evasão escolar. Algoritmos inteligentes podem analisar dados de frequência, desempenho acadêmico e comportamento dos alunos, identificando aqueles que estão em risco de abandono escolar. Com essas informações, as escolas podem implementar intervenções precoces e direcionadas, aumentando as chances de manter os alunos na escola.

A IA também pode desempenhar um papel crucial na redução da desigualdade, ao fornecer acesso a recursos educacionais de qualidade para escolas em áreas remotas e desfavorecidas. Plataformas online e aplicativos também podem democratizar o acesso ao conhecimento, permitindo que alunos de qualquer lugar tenham acesso a conteúdos atualizados e interativos.

Em suma, o sistema público de ensino brasileiro enfrenta uma série de dificuldades que comprometem a qualidade da educação. No entanto, ao usarmos a tecnologia ao nosso favor, podemos evoluir de forma massiva a diminuição destes problemas, ao personalizar o aprendizado, capacitar os professores, monitorar a evasão escolar e reduzir as desigualdades educacionais. Ao integrarmos de forma estratégica e eficaz seu uso, é possível criar um ambiente educacional mais inclusivo e de qualidade para todos os estudantes brasileiros.

Lucas Rodrigues é mestre em IA e Machine Learning for Data Science pela Université Paris Cité. Além disso, é fundador e CEO do Clipping, uma startup de educação em modelo 100% bootstrapping e que utiliza inteligência artificial e chatbot para proporcionar uma experiência inovadora de estudo para quem deseja realizar concurso público, principalmente de admissão à carreira diplomática.

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Com apoio da Itaipu, Guarapuava conquista R$ 6 milhões para educação

Rosângela Virmond representou o município, em Foz do Iguaçu, durante assinatura de convênio que beneficiará mais de 28 mil alunos nos 17 municípios da Amocentro

Guarapuava garantiu um dos maiores repasses dentro de um novo convênio firmado entre a Itaipu Binacional e a Associação dos Municípios do Centro do Paraná (Amocentro). O município receberá R$ 6 milhões dos R$ 22 milhões que serão distribuídos entre os 17 municípios da associação, com foco no fortalecimento da educação básica.

A assinatura do convênio ocorreu na manhã desta sexta-feira (04), em Foz do Iguaçu, durante uma visita técnica das lideranças da Amocentro à sede da Itaipu. Guarapuava foi representada pela vice-prefeita Rosângela Virmond, que comemorou a conquista e ressaltou o impacto direto do recurso na vida das crianças guarapuavanas. “Fomos até Foz garantir esse recurso porque acreditamos que a educação é a base de tudo. Esse investimento será transformado em material pedagógico de qualidade, que vai ajudar nossos alunos a aprender mais e melhor. Guarapuava está comprometida com a melhoria do Ideb e com o futuro das nossas crianças,” afirmou Rosângela.

O projeto, Amocentro Mais Ideb , prevê a distribuição de material pedagógico complementar nas áreas de matemática, português e literatura para todas as escolas dos municípios envolvidos. O objetivo é preparar melhor os estudantes para as provas do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), impactando positivamente os índices do Ideb, principal indicador da qualidade da educação no país. Além disso, parte dos recursos também irá beneficiar alunos.

Segundo o presidente da Amocentro, José Corona, o programa vai beneficiar cerca de 28 mil crianças nos 17 municípios. “Guarapuava vai receber 6 milhões de reais, para fazer esse trabalho junto às escolas, fortalecendo a qualidade da educação. Parabéns Guarapuava por participar da Amocentro, por estar atuante através da gestão do prefeito Denilson Baitala, da vice-prefeita Rosângela, e agora sendo contemplada com esse grande projeto fruto da parceria com a Itaipu,” declarou.

O diretor de Coordenação da Itaipu, Carlos Carboni, também destacou o papel da cidade no projeto. “Estivemos hoje atendendo todos os prefeitos da Amocentro, com a representação de Guarapuava feita pela vice-prefeita Rosângela. A educação é uma questão fundamental para nós, e Guarapuava já é parceira em várias ações e organizações na região central do Paraná,” disse.

Com esse passo, Guarapuava reforça seu papel como liderança regional no avanço da educação pública. Sempre buscando formas de melhorar seus indicadores de ensino e criar oportunidades reais para crianças e adolescentes.