Alunos da Unicentro organizam coleta de lixo eletrônico

Um grupo de alunos do curso de Administração da Unicentro  está desenvolvendo o projeto Desctech. A iniciativa, segundo a professora responsável, Maristela Franchetti, tem como objetivo propiciar a comunidade do câmpus Santa Cruz o descarte correto do lixo eletrônico.

“Os alunos participam ativamente da disciplina, tendo como atividade principal o desenvolvimento de um projeto socioambiental. No caso do projeto de descarte de lixo eletrônico, promovido pelos alunos, a ideia foi implementar o descarte correto de lixo eletrônico no campus Santa Cruz”, disse.

Bruno Rafael dos Anjos é um dos integrantes do grupo que está desenvolvendo o Desctech. Ele conta que a necessidade de implantação de locais acessíveis para o descarte apropriado do lixo eletrônico foi percebida pelos estudantes a partir da vivência cotidiana da universidade.

“O que a gente mais observava nos setores é que tem coisas ali que são acumuladas, que não podem ser descartadas, que ficam lá paradas por muito tempo, umas coisas muito antigas que a gente nem mexe. Então, nós notamos essa demanda dentro do câmpus”.

O projeto recebe, ainda, lixo eletrônico que a comunidade universitária tem armazenado em casa, justamente por não saber como descartar. Essas pessoas podem deixar os equipamentos nos pontos de coleta, que estão localizados no hall de entrada do câmpus Santa Cruz e na Proec, que é a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura. Todos os materiais coletados serão entregues a empresa Suc Ambiental, que fará a separação do material e dará destino correto a cada grupo. Porém, nem todo lixo eletrônico pode ser coletado pelo projeto.

“Quase todo tipo de material eletrônico pode ser coletado. Mas, os que não podem ser coletados, especificamente, são TVs de tubo e cartuchos de impressora. Por que esses dois não podem? A gente tem uma parceria com a Suc Ambiental, que é uma empresa especializada nisso aí, só que dentro do plano de gestão da Suc Ambiental, o gerente reparou que TVs de tubo e esses cartuchos de impressora não conseguem suprir as necessidades dele. Então, ele não trabalha com isso e o nosso projeto também acaba não arrecadando, porque ele é o intermediador desse processo”, como explicou o estudante Natanael dos Santos.

O projeto está sob a supervisão da direção do câmpus Santa Cruz e a coleta dos materiais não tem data para acabar.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.