53% das empresas não têm habilidades de IA para alavancar inovação: quais são os gargalos e avanços no Brasil?
Estamos na era da Inteligência Artificial, porém, mais da metade (53%) das empresas ainda não têm habilidades para alavancar a inovação, segundo dados da pesquisa recente realizada pela Softwareon nos Estados Unidos. Apesar do estudo ser americano, não deixa de ser uma preocupação nos demais países, entre eles o Brasil, porque impacta não somente o desenvolvimento tecnológico, como também econômico e social.
Assim como no restante do mundo, a Inteligência Artificial vem crescendo no país. Hoje, quase 60% das grandes companhias utilizam soluções de IA no dia a dia, segundo o último estudo da consultoria Deloitte. Porém, temos gargalos a serem enfrentados, a começar pelas carreiras nas áreas de tecnologia. De acordo com um relatório da Google for Startups, de 2023, o Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais de TI até 2025. Isso significa que há menos profissionais formados para uma grande oferta de oportunidades.
Além disso, muitos deles que são formados não tiveram o treinamento adequado porque a academia não consegue na maioria das vezes acompanhar o dinamismo do mercado de trabalho. Um outro ponto preocupante é a questão cultural e organizacional. Muitas organizações no país carecem de infraestrutura robusta e investimentos em tecnologia, o que limita a aderência de IA. Também há uma questão cultural de empresas, principalmente as de pequeno e médio porte acharem que a IA está restrita a grandes empresas, tendo uma preocupação na hora de como inovar.
Há, ainda, um clima de incerteza sobre a regulamentação da IA no Brasil. O projeto de lei 2338/2023, que dispõe sobre o uso de IA em diversos setores, tramita há mais de um ano no Congresso Nacional, ainda sem previsão de quando será aprovado. Esse cenário gera dúvidas, porque faltam diretrizes claras sobre privacidade, segurança de dados e ética, o que impede que as organizações invistam na tecnologia.
Porém, mesmo com tantos entraves, tivemos avanços ao longo dos últimos anos. As HRTechs, startups de Recursos Humanos, por exemplo, estão em crescimento no país e já receberam um total de US$1,9 bilhão em investimentos desde 2000, segundo um levantamento do Distrito, plataforma de soluções digitais para empresas. Há diversas opções para as organizações escolherem, entre elas, plataformas de treinamentos corporativos por meio da gamificação, benefícios flexíveis, gestão de documentos, dentre tantas outras infinitas possibilidades.
Hoje, também temos um crescimento da rede de inovação, com centros e hubs tecnológicos que estão se espalhando pelo Brasil, criando um ambiente mais propício para o desenvolvimento de IA, com parcerias entre os setores público, privado e organizações do terceiro setor que fomentam startups. As redes, além de incentivarem a inovação, conectam profissionais e empresas com interesses em comum e que desejam se qualificar e explorar as possibilidades da IA.
A meu ver, acredito que o país tem todo um potencial para ser referência em IA no cenário global, porque mesmo em meio a diversos desafios estamos avançando. Ainda temos um longo caminho pela frente, porque é uma jornada que exige compromisso e visão, com esforços conjuntos de governos, companhias, startups e terceiro setor. E você? o que tem feito pela sua empresa?
Samir Iásbeck, CEO e Fundador do Qranio, plataforma de aprendizagem que utiliza ludificação, também é sócio-fundador da eMiolo.com, software house inovadora com vasta experiência em soluções personalizadas para médias e grandes empresas.