The New York Times estampa violência contra Tatiane Spitzner

É o único registro do verbete “Guarapuava” no sistema de buscas do site do The New York Times, jornal fundado e publicado desde 1851 (Imagem: Reprodução)

 

Por Jonas Laskouski com The New York Times

 

“Domestic Abuse, Shown Blow by Blow, Shocks Brazil”. Esse é o título de uma matéria postada nessa terça (07) no site de um dos jornais mais icônicos e prestigiados do mundo, o The New York Times. Em bom português – traduzido livremente mas sem perder a essência: “Violência doméstica, mostrada em detalhes, choca o Brasil”.

 

 

Em seu texto, a jornalista Shasta Darlington – que é correspondente internacional da rede de notícias CNN – começa dizendo que as cenas, registradas por câmeras de segurança, são horríveis (“gruesome”, nas palavras dela). “Um homem agride e bate em sua esposa na garagem do prédio onde moravam. Ela tenta fugir, mas ele impede forçando ela para dentro do elevador. Eles sobem para o apartamento no quarto andar”.

“Menos de 20 minutos depois, ele desce pelo elevador para pegar o corpo ensanguentado e sem vida que havia caído na calçada”.

No artigo, Shasta diz – equivocadamente – que a sequência de vídeos foi exibida primeiramente pelo Fantástico no domingo (05) e desde então tem sido mostrada repetidamente em rede nacional. As imagens, na verdade, foram divulgadas na sexta-feira (03) pelo MP-PR.

Discorrendo sobre o assunto, o texto fala que o episódio aqueceu o debate sobre a violência contra a mulher no país, “onde quase um terço das mulheres já sofreram algum tipo de violência”. Cerca de metade desses ataques foram cometidos pelos próprios parceiros dessas mulheres.

Ainda no texto, Shasta Darlington conta que Tatiane e Luís Felipe (“Ms. Spitzner and Mr. Manvailer”) se casaram em 2013 e que as autoridades não encontraram nenhum registro oficial contra Manvailer (apesar de a reportagem do Fantástico ter mostrado uma amiga da advogada falado sofre os abusos sofridos por ela) antes desse episódio que aconteceu “in the southern Brazilian town of Guarapuava” (na cidade brasileira de Guarapuava, no sul do país). É o único registro do verbete “Guarapuava” no sistema de buscas do site do The New York Times, jornal fundado e publicado desde 1851.

A reportagem fala ainda sobre os perfis criados pela irmã de Tatiane, Luana Spitzner, sobre “meter a colher”, sobre a Lei da Maria da Penha, feminicídio e também sobre o medo que as mulheres sentem quando decidem – ou não – denunciar o agressor e sobre como são recebidas pela polícia quando chegam numa delegacia para registrar um boletim de ocorrência. Uma empregada doméstica de 24 anos de idade, Juliete da Silva Oliveira conta que a polícia riu quando ela tentou fazer um B.O. contra seu ex-namorado, que havia deixado mensagens ameaçando ela por ter terminado com ele. “A polícia nem deu bola e disse que era normal um cara ficar bravo por ter sido dispensado”.

Já no final do artigo, a diretora da ONG lamenta sobre o caso Tatiane. “É triste, mas talvez algo brutal como esse episódio acorde as pessoas para a realidade da violência doméstica. Talvez o povo se mobilize”.

Você pode ler a reportagem original clicando aqui: “Domestic Abuse, Shown Blow by Blow, Shocks Brazil”.

Uma versão desse artigo foi publicado na versão impressa do jornal, publicado nesta quarta (08). A guarapuavana Lis Lozove, que mora nos Estados Unidos, registrou a matéria no The New York Times.