A palavra do momento, para mim, é ‘desafio’. A frase é do presidente da Associação Comercial e Industrial de Guarapuava – Acig – Elói Laércio Mamcasz, para quem o momento que o país enfrenta, atualmente, faz parte de um ciclo necessário.
O empresário do ramo de tecnologia interpreta a situação de dificuldades como ausência de gestão. E explica: quem gasta mais do que ganha mais cedo ou mais tarde acaba pagando a conta do seu descontrole.
Essa, no entendimento de Elói, é uma grande oportunidade para as pessoas buscarem conhecimento. Quando tudo está bem, ninguém procura especialização. Quando tudo está bem, ninguém enxuga o quadro de funcionários. Quando tudo está bem, tudo está bem, a gente não precisa controles nem gestão porque as coisas andam naturalmente, avalia.
Essa questão do descontrole financeiro é natural entre os brasileiros. Para Elói, nós não fomos educados a poupar para gastar. Nos últimos tempos, ao contrário, o cidadão brasileiro aprendeu a usar o crediário como dinheiro futuro, ainda não ganho. Ainda não aprendemos a usar essa liberdade de crédito, porque extrapolamos nossos próprios limites, entende ele.
Caça e caçador
É uma lei da economia. Em tempos de bonança, quem manda é o vendedor. A pequena demanda faz com que aumente a procura. Quem estabelece as regras do jogo é o vendedor. Na maioria das vezes ele pensa: quer, quer. Se não quer, alguém vai querer. Em tempos de vacas magras, de problemas econômicos, chega a hora do comprador. Quem economizou, quem tem dinheiro guardado, vira as regras do jogo. Aumenta a demanda e a procura se reduz. Aí, o vendedor está nas mãos do comprador, aponta o presidente da Acig.
Chegou a hora da barganha, avalia Elói. O desemprego, o ajuste econômico, a alta dos impostos, a desorganização das empresas por falta de gestão, colocam o comprador como o fiel da balança. Agora o comprador estabelece o preço do produto porque a demanda é alta e a procura restrita. Não há dinheiro no mercado.
Há outra questão que precisa ser avaliada num momento como esse. O aumento da produtividade. Talvez esse seja o melhor lado da crise, quando as empresas e as pessoas precisam reinventar-se, aponta o presidente da Acig. Em seu entendimento, a economia não estagnou. Esse é o momento das oportunidades. O consumidor está consumindo, conclui.
Quebradeira
As ruas da cidade estão cheias – olha o trocadilho – de lojas vazias. Não apenas de consumidores, mas muitas delas simplesmente com as portas fechadas. Para Elói, esse é o mais nítido reflexo da má gestão. Faz parte da vida econômica fechar negócios. Muitos grandes empresários quebraram, literalmente, suas primeiras empresas. É uma das fases de empreender, analisa.
Para ele, falir, quebrar, fechar as portas também é um ato de heroísmo. Antes fechar as portas do que deixar as dívidas se acumularem.
Vejo toda e qualquer situação pelo lado positivo. Esse é o momento de criar algo novo, de reinventar-se, conclui Elói.