Temporais evidenciam importância da caixa-d’água

Foto: Antonio Costa do AEN (Sistema rural de abastecimento de água)

As rápidas e volumosas chuvas no Paraná nos últimos dias causaram estragos em diversas cidades, o que levou algumas comunidades a descobrirem a importância das caixas d´água para preservação de água potável.

Em Guarapuava na tarde da última segunda-feira (14), a chuva deixou várias ruas alagadas. De acordo com o Corpo de Bombeiros, uma casa ficou debaixo d’água no bairro Santana e outras duas foram destelhadas no Morro Alto. Foram 23 milímetros de chuva em meia hora, o que é considerada uma quantidade expressiva, mas comum nesta época do ano, de acordo com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).

Em Guaraqueçaba, 281,4 milímetros de chuva em um único dia ocasionaram alagamentos, deslizamento de terra, queda de ponte e o deslocamento da tubulação que capta a água do Rio Capivari.

Diversas comunidades rurais, que possuem pequenos sistemas próprios de abastecimento, ficaram totalmente sem água. A região mais prejudicada foi Tagaçaba, onde mais de 100 famílias, que não possuíam reservatório domiciliar, foram afetadas.

Diante da calamidade, a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) – que opera o saneamento da área urbana de Guaraqueçaba – uniu-se à Prefeitura e à Defesa Civil para atender emergencialmente os moradores. Dois caminhões-pipa e 80 caixas de copinhos de água potável envasada foram cedidos pela Companhia ao longo da segunda semana de janeiro.

 

AJUDA HUMANITÁRIA

Além do suporte formal da empresa, empregados da Sanepar mobilizaram doações e adquiriram 22 caixas-d’água que se somaram a mais 10 unidades compradas pela prefeitura. O grupo se organizou voluntariamente para transportar esses reservatórios e enchê-los com os caminhões pipa em pontos estratégicos de Tagaçaba e Tagaçaba de Cima, garantindo abastecimento mínimo para a localidade.

Edivaldo Cunha, técnico da Sanepar que atua em Guaraqueçaba há 10 anos, conta que quando a equipe começou a encher as caixas-d’água teve criança que veio chorando agradecer. “Todo mundo ficou emocionado. Não há nada que valha mais do que isso.”

A expectativa é que, tão logo o sistema de tratamento rural de Guaraqueçaba volte a operar normalmente, as caixas sejam usadas nos imóveis para armazenamento preventivo de água para as famílias.

O gerente da Sanepar no Litoral, Arilson Mendes, afirma que a reserva domiciliar de água é fundamental para um abastecimento mais seguro, em áreas urbanas e rurais, especialmente no Verão. Ele explica que chuvas fortes podem provocar rompimentos de tubulação de água tratada, como ocorreu com a enxurrada em Guaraqueçaba, ou podem interromper o abastecimento por outras razões.

“Quedas de energia elétrica, por exemplo, paralisam o sistema, e o aumento súbito da turbidez (excesso de barro e resíduos) da água in natura dos rios e poços também afeta o tratamento e a distribuição da água”, alerta Arilson. Por isso, é importante que os imóveis tenham reservas mínimas com as caixas d´água – destaca o gerente.

A instalação de caixa-d’água no imóvel deve seguir recomendação da Norma Regulamentadora (NR) 5626 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que trata da instalação predial de água fria para uso doméstico em edificações, residenciais ou não.

Segundo a norma, o reservatório deve ser de material que não interfira na qualidade da água, de fácil acesso para limpeza e manutenção, e contendo registro para interrupção do fluxo de água. A Sanepar sugere que cada imóvel tenha uma caixa-d’água de pelo menos 500 litros. Assim, é possível garantir o abastecimento por, no mínimo, 24 horas.

 

MAIS CHUVAS

Segundo o Simepar, o sol e o calor irão se intensificar sobre o Paraná no fim de semana, o que pode provocar novas pancadas isoladas de chuva, de forma mais intensa no Litoral e nas regiões Oeste e Noroeste.

Para assegurar o abastecimento contínuo, mesmo em dias de temporais, a recomendação da Sanepar é que a população mantenha ao menos uma reserva domiciliar e faça uso consciente da água, durante todo o Verão.