Queda da indústria é maior do que na crise financeira internacional

O faturamento da indústria registrou queda de 8,8%, as horas trabalhadas apresentaram redução de 10,3% e o emprego no setor teve retração de 6,1%, em 2015, na comparação com o ano anterior. Os números foram divulgados hoje (1º) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A queda anual no faturamento é segunda consecutiva. Em 2014, houve retração de 1,8%.

A utilização da capacidade instalada ficou em 78,9%, 2,3 pontos percentuais abaixo da média registrada em 2014. Esse é o menor nível de utilização da capacidade instalada, na série histórica iniciada em 2003. A massa salarial real caiu 6,2% e o rendimento médio real dos trabalhadores da indústria recuou 0,1%, em 2015 comparado com o ano anterior.

O economista da CNI, Rafael Vasconcelos, a queda do ano passado foi maior do que a registrada em 2009 (4,7%), período de crise econômica mundial. O gerente executivo da Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, destacou que o 2015 foi o pior para o setor, nas últimas décadas. Os dados anuais são extremamente negativos, destacou.

A recessão é generalizada. Mas os dados do setor industrial têm ritmo de queda nas vendas, nas horas tralhadas, no faturamento e no emprego mais intensos do que em outros segmentos, disse.

Segundo Castelo Branco, a recessão é reflexo do quadro de incertezas da economia, relacionadas às dificuldades de ajuste fiscal e alta da inflação, que reduz o poder de compra da população. Não há expectativa de reversão no curto prazo. O consumo das famílias e os investimentos das empresas permanecem em queda, afirmou.

Castelo Branco disse, entretanto, que uma certa expectativa de reação é esperada pelos segmentos exportadores. Mas essa reação pode levar entre seis meses a um ano para o segmento retomar as vendes ao exterior.

O ritmo da atividade mundial é bem mais reduzido do que na década passada. Há desaceleração na China, destacou. Dada a magnitude da nossa recessão, a saída pelas exportações em 2016 é insuficiente, disse.

Para Castelo Branco, as medidas de estímulo ao crédito anunciadas semana passada pelo governo não são suficientes para melhorar as perspectivas para o setor. A melhora das condições de crédito tendem a minorar os efeitos dessa contratação. Mas as condições macroeconômicas, principalmente a questão fiscal, são predominantes. As empresas não veem uma retomada que os encorajem a tomar recursos de terceiros, disse.

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Confiança do comércio paranaense segue em queda pelo terceiro mês

Avaliação das condições atuais da economia motiva recuo de 5,1% no indicador em março

A confiança do empresário do comércio paranaense caiu pelo terceiro mês consecutivo. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), aferido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), baixou para 96,6 pontos, uma redução de 5,1% em relação a fevereiro. Na comparação com março de 2024 houve uma diminuição de 7,1%.

A média brasileira do ICEC também registrou queda de 2,6% em março, alcançando 99,2 pontos, o menor nível desde junho de 2021, revelando o pessimismo dos empresários pela primeira vez em quatro anos.

O fator que mais tem impactado a opinião dos empresários paranaenses são as Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC), que marcam apenas 70,2 pontos neste mês, com uma retração de 8,0% na variação mensal. As Expectativas do Empresário do Comércio (IEEC) apresentaram baixa de 4,7% em relação a fevereiro, mas ainda estão acima da margem de 100 pontos, com 121,4 pontos, o que configura uma posição satisfatória.

Diante do cenário atual, os empresários podem considerar diminuir os investimentos. O fator Investimentos do Empresário do Comércio (IIEC) ficou em 98,2 pontos, mostrando uma redução de 3,2%.

Análise por porte empresarial

Os micro e pequenos empresários do Paraná são os menos confiantes, registrando uma queda de 5,1% no indicador de março. Com isso, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) recuou para 96,4 pontos, entrando na zona de insatisfação. O principal fator que contribuiu para essa retração foi a percepção sobre a situação atual (ICAEC), que apresentou contração de 7,9%, refletindo maior preocupação desse segmento empresarial.

Já entre os dirigentes de médias e grandes empresas do comércio, o índice segue no patamar positivo, com 106,6 pontos, apesar de uma queda de 3,6% em relação a fevereiro. Esse recuo é impulsionado, sobretudo, pelo aumento da incerteza quanto às condições atuais da economia e do comércio. O componente Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) foi o mais impactado, registrando uma expressiva retração de 10,2% na variação mensal.

Fonte: Fecomércio-PR