Contas de telefone fixo e pós-pago vão ficar mais caras

Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de outubro decidiu que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) deve incidir nos valores das assinaturas. Até então, o imposto só era cobrado nas ligações e outros serviços. A decisão foi tomada em um processo em que Oi e o Estado do Rio Grande do Sul questionavam a cobrança da taxa.

A mudança passou a valer em 1º de janeiro.

Trata-se de um imposto acrescido ao serviço prestado, e não um reajuste das tarifas. A partir de 2017, o ICMS será calculado sobre o valor das assinaturas de linhas fixas e celulares pós-pagos, que somam quase 120 milhões no Brasil. As linhas de telefone celular pré-pago ficam fora.

JURISPRUDÊNCIA

O motivo de acréscimo é porque essa decisão do STF é de última instância e, por isso, gerou jurisprudência.

Agora, as operadoras estão informando os clientes sobre o aumento da taxa mensal. O sindicato das operadoras (Sinditelebrasil) confirma, e diz que terá que repassar o ICMS aos estados.

As operadoras já começaram a informar seus clientes sobre os novos valores. A Oi, por exemplo, confirmou que o reajuste já aparecerá nas faturas de 1º de fevereiro. A Vivo já está comunicando seus clietnes pro SMS e mensagens nas faturas. A Claro diz que já realiza a cobrança e, por isso, os planos não sofrerão alterações.

VARIA EM CADA ESTADO

A diferença no bolso do consumidor vai depender do estado em que ele mora. A alíquota do ICMS varia de 25% a 37% nos estados brasileiros. Também vai contar, no cálculo, o peso da assinatura no final da conta. Em São Paulo, por exemplo, onde a alíquota é de 25%, uma assinatura de telefone fixo ao custo de R$ 35 por mês vai sofrer um aumento de entre R$ 8 e R$ 9.

Segundo Pietro Delai, gerente da Consultoria IDC, o impacto varia muito em função do consumo de cada um. “Para quem só consome serviço básico, aquele que está incluso na assinatura, o impacto é maior”, afirmou ele.

O aumento virá se somar a uma carga tributaria que já é uma das maiores do mundo no ramo das telecomunicações: 48%. Em um estudo recente, com dados de 2014, o Brasil aparece em quarto lugar, entre 50 países em desenvolvimento. Só Turquia, Jamaica e Nepal cobram mais impostos no setor.

Paulo Sigaud, advogado tributarista, diz que a cobrança vem aumentando nos últimos anos. “Realmente os estados viram que é uma fonte de receita interessante, e praticaram um aumento das alíquotas.”

Deixe um comentário

Trabalhadores celebram potencial do PL que amplia isenção do IR: “alívio no bolso”

Texto entregue pelo presidente Lula aos dirigentes da Câmara e do Senado tira do Imposto de Renda profissionais que recebem até R$ 5 mil por mês

Possibilidade de investir nos estudos dos filhos, chance de montar uma reserva para emergências, alívio no bolso, poupança para renovar sonhos, saldar com mais tranquilidade as despesas do mês. Trabalhadores formais que estão no público potencialmente impactado pelos conceitos do Projeto de Lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda, enviado pelo Governo Federal ao Congresso nesta terça-feira, celebraram a decisão, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Para nós sempre é melhor ter mais dinheiro para comprar uma coisa que acaba no fim do mês. Então, com certeza é uma boa proposta. Eu tenho três filhos. Esse dinheiro a mais é uma grande vantagem”, resumiu o piauiense Alexandre Carvalho, vendedor em uma loja de móveis. Hoje, 15% dos vencimentos dele são consumidos pelo Imposto de Renda mensalmente. Se o texto do PL enviado pelo Governo Federal ao Congresso for aprovado ainda em 2025, a partir de 2026 ele deixará de ser taxado e pode pensar em investir ainda mais na educação dos filhos.

O texto amplia para até R$ 5 mil a faixa de isenção total. Hoje, ela vai até R$ 2.259,20. Cerca de 10 milhões de brasileiros serão beneficiados diretamente pela medida. Somando essas pessoas aos 10 milhões já contemplados pelas mudanças feitas pelo Governo Federal em 2023 e 2024, serão 20 milhões de pessoas que deixam de pagar Imposto de Renda desde o início da atual gestão.

A cobradora de transporte público Karlane Feitosa, de 53 anos, está na lista das potenciais beneficiárias e espera com ansiedade a aprovação. “Eu vejo como uma proposta muito benéfica. A gente já paga imposto sobre tudo o que compra. Então, quanto mais a gente tiver benefício, melhor é. É mais dinheiro no bolso que sobra, né? Se eu deixasse de pagar hoje, guardaria esse dinheiro para emergências. Eu ia colocando todo mês lá e deixar guardadinho”, previu a brasiliense.

Também nascido na capital federal, Gilsemberg Moreira, de 42 anos, atua como vigilante e atualmente está na faixa de 22,5% de desconto do IR. Com a mudança, ele entraria para a faixa de 100% de isenção. “Eu vejo como uma possibilidade de fortalecer a economia dos trabalhadores. Pode ajudar na despesa de casa, na conta de água, na conta de luz ou na compra do mês. É uma boa para o trabalhador sem sobra de dúvida”, comentou.

Resumo do PL enviado nesta terça ao Congresso
Resumo do PL enviado nesta terça ao Congresso

Segundo a Receita Federal, assim como Alexandre, Karlane e Gilsemberg, 90% dos brasileiros que pagam Imposto de Renda (90 milhões de cidadãos) estarão na faixa da isenção total ou parcial e 65% dos declarantes do IRPF (mais de 26 milhões) serão totalmente isentos. Trata-se da maior alteração na tabela do Imposto de Renda da história recente do Brasil.

O texto ainda prevê que quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil pagará menos imposto do que paga atualmente. Será um desconto progressivo. É o caso, por exemplo, de Tainá Souza, analista financeira nascida em Brasília, que também enxerga a medida como relevante e benéfica. “No fim das contas, significa mais dinheiro para o trabalhador. Esse dinheiro que sobraria me ajudaria a pagar uma conta ou fazer uma poupança”, relatou.

Para compensar a isenção para esse público maior, estimada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) em R$ 27 bilhões, o texto prevê uma tributação mínima para altas rendas, que atingirá 141,4 mil contribuintes (0,13% do total). Esse grupo corresponde a apenas 0,06% da população do país e é composto de pessoas que recebem mais de R$ 600 mil por ano em dividendos e que não contribuem atualmente com alíquota efetiva de até 10% para o Imposto de Renda.

Fonte: Secom/PR