Cartão de crédito é o principal motivo entre os inadimplentes

De acordo com levantamento realizado pela Serasa, em janeiro deste ano, houve aumento no número de consumidores inadimplentes no país, após dois meses consecutivos de queda. Em relação ao primeiro mês do ano passado, o número de inadimplentes também subiu, passando de 70,09 milhões para 72,07 milhões de pessoas em janeiro deste ano.

O estudo revelou também que os dois principais motivos para a inadimplência, nos anos de 2022 e 2023, foram o desemprego e a redução na renda. O desemprego foi apontado por 29% dos endividados, em 2022, e por 22%, em 2023.

O cartão de crédito continua sendo o principal tipo de dívida entre os inadimplentes, desde o ano de 2018 até 2023. No ano passado, o cartão de crédito correspondia à principal dívida para 55% dos endividados. Sete em cada dez brasileiros costumam parcelar suas compras, sendo a maior fatia (27%) por não ter o valor cheio para pagamento à vista.

Na opinião da especialista em finanças pessoais, Carol Stange, os juros dos cartões de crédito no país ainda são os maiores do mundo, mesmo com a queda dos juros da taxa básica de juros (SELIC). “Cartão de crédito não é vilão, mas se você souber utilizá-lo, perceberá que ele é um excelente aliado para a organização financeira, caso contrário, ele sempre será um inimigo, até a pessoa aprender a controlá-lo”.

Confira oito dicas de Carol Stange, para você não cair nas “armadilhas” do cartão de crédito e que vão ajudar no controle de suas finanças.

1.Não tenha “coleção” de cartão de crédito. Ao acumular vários cartões na carteira, você também acumula várias datas de vencimento de faturas e administrar seus gastos, que deveria ser algo simples, se torna algo bem complexo. Vale a pena você separar uns minutos para fazer uma “limpa” nos cartões que não usa ou naqueles que só servem de incentivo para gastar a mais.

2.Se administrar a uso do limite do cartão ainda é um desafio, evite comprar parcelado, principalmente despesas recorrentes como supermercado ou combustível. Gastos dessa natureza devem ser feitos usando o cartão de crédito quando já se tem controle pleno da ferramenta.

3.Estabeleça metas semanais de uso do limite do cartão, pois isso ajuda a manter os gastos sob controle e defina um dia da semana para acompanhar seu extrato e limite disponível.

4.Se estiver muito difícil não extrapolar os gastos, deixe-o na gaveta por um tempo. Picotar o cartão de crédito ou jogá-lo fora não é liberdade. Liberdade é você saber usar uma ferramenta que cada vez mais tem substituído o dinheiro vivo.

5.Antes de emprestar o cartão para outra pessoa, analise que o bem adquirido ficará com essa pessoa, mas a obrigação de pagar é sua. Além de ser o seu nome que está em jogo no caso de incapacidade de pagamento do amigo. Se dizer não é difícil, perder o amigo é ainda pior.

6.Passar o cartão até ele ser recusado não é um bom sinal. Tem muita gente que, ao ter o cartão negado na loja, entende que é “hora de parar de gastar”. O ideal é que você saiba o seu limite e acompanhe o uso dele, semanalmente ou diariamente, se preciso.

7.Cartão estourado? Não pague o mínimo do cartão de crédito. Tente pagar a maior parte possível da fatura e, se preciso, troque essa dívida, que possui os juros mais altos do mundo (quase 300% aa) por outra que ofereça juros mais baixos. E descubra os motivos que levaram você a cair nessa cilada para não repeti-los mais.

8.Pesquise as opções de cartão de crédito disponíveis no mercado. Pagar uma anuidade apenas pelo “privilégio” de possuir um cartão de crédito tem caído cada vez mais em desuso. O mercado se atentou para isso e cartões de crédito sem anuidade podem ser encontrados com certa facilidade nas instituições financeiras, principalmente nos bancos digitais.

Carol Stange – Carol Stange é educadora financeira, especialista em investimentos pela Anbima, Analista Técnica de Investimentos CNPI-T e Consultora CVM

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