Cai o otimismo dos empresários paranaenses neste 2º semestre, diz pesquisa
Caiu o otimismo do setor terciário para este segundo semestre de 2022. Segundo a Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Paraná), 49,7% dos dirigentes de empresas estão confiantes em relação aos próximos meses. No primeiro semestre, o grau de otimismo estava em 65,9% e no segundo semestre de 2021 era de 60,1%.
Entretanto, aumentou muito o percentual de empresários que acredita na estabilidade: 38,7% acham que o faturamento de sua empresa permanecerá no mesmo patamar. Apenas 8,7% consideram que este semestre será pior e 2,9% não sabem ou não emitiram opinião.
De acordo com o presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Ari Faria Bittencourt, os fatores macroeconômicos afetam as projeções do empresariado, sobretudo a taxa de inflação, que no acumulado de janeiro a maio ficou em 4,78% e está acima da meta anual de 3,5%, além das contínuas elevações das taxas de juros, com a Selic em escalada a cada mês e o Risco País atingindo 302 pontos em junho. O dirigente, entretanto, é otimista em relação ao cenário paranaense. “É verdade que precisamos conviver com o avanço da inflação e do preço dos combustíveis, porém, a força do comércio irá transpor esses obstáculos, como temos superado tantas outras dificuldades ao longo dos anos. Mas a retomada já está aí, trazendo boas novidades, porque os indicativos apontam para o crescimento econômico do país neste ano, com previsões estimando em até 2% o acréscimo do Produto Interno Bruto. A taxa de desemprego também vem caindo, o que também é um sinal de tempos mais favoráveis”, reitera Bittencourt.
Setores
Entre os três setores avaliados, o turismo é o mais confiante, com 54,5% de expectativas positivas. Entretanto, houve uma redução considerável do otimismo do trade turístico na comparação com o primeiro semestre, quando 62,5% possuíam boas expectativas para o ano que se iniciava. Entre os prestadores de serviços, a confiança é de 52,7%, ante 66,7% no primeiro semestre. Já entre os comerciantes, o nível de otimismo é de 46,3%, contra 66,7% no começo de 2022, uma das maiores reduções.
Porte da empresa
Na segmentação por porte, verifica-se que as microempresas são as mais otimistas, com 55,1% de respostas positivas. Além disso, 36,2% dos microempresários acreditam que o faturamento se manterá estável nos próximos meses e apenas 6,5% têm opinião desfavorável, o menor percentual entre os portes das empresas analisadas.
Entre os estabelecimentos de médio e grande porte a confiança é de 53,6%; entre as empresas de pequeno porte, 45,7%, e entre os microempreendedores individuais, de 42,2%.
Dificuldades
As principais dificuldades apontadas pelos empresários para este semestre são o alto custo das mercadorias (34,2%), seguido pela instabilidade econômica (34%), clientes descapitalizados (29,1%) e a carga tributária (23,5%).
Investimentos
O nível de investimentos deve ser um pouco menor neste semestre: 43,5% dos empresários ouvidos pela Fecomércio PR e pelo Sebrae Paraná afirmam que vão investir em seus negócios. No primeiro semestre, essa parcela era de 44,4%.
“Mesmo com o aumento de custos na operação e produção neste ano, a previsão de investimentos tem, praticamente, uma estabilidade. Isso é importante, pois investir em gestão, capacitações de equipes, estrutura e inovação fortalecem as empresas para chegarem mais competitivas no segundo semestre, que promete um avanço na gradual retomada econômica”, aponta o diretor-superintendente do Sebrae Paraná, Vitor Roberto Tioqueta.
As áreas beneficiadas pelos investimentos serão propaganda e marketing (34,7%), novas lojas e pontos de venda (21,3%), reforma e modernização das instalações (20,5%), máquinas e equipamentos (18,7%), além de capacitação da equipe, estoques e nova linha de produtos e/ou serviços, todos com 15,7%.
Quadro funcional
Assim como os investimentos serão um pouco menores, o volume de contratações também deve ter redução na comparação com o primeiro semestre, passando de 37,8% para 34,2%. Outros 47,6% dos empresários planejam manter o quadro funcional e apenas 6,1% intencionam reduzir o número de colaboradores.
Regiões
Os empresários londrinenses são os mais otimistas, com 53,7%. Na sequência, estão os empreendedores da região Oeste (52,3%), Curitiba e Região Metropolitana (49,5%), Ponta Grossa (47,3%), Maringá (46,5%) e Sudoeste (44,4%), que apesar de ser a região menos otimista, é a única que teve crescimento na posição favorável comparada com o semestre passado.
Impactos da covid-19
A pandemia tem afetado o funcionamento das empresas paranaenses de forma mais branda atualmente, sobretudo nos setores do varejo e serviços. Enquanto no primeiro semestre 70% dos estabelecimentos eram impactados pela covid-19 com a queda no faturamento, neste semestre o percentual reduziu para 48,8%. Mesmo em menor proporção, a crise sanitária ainda traz prejuízos ao faturamento da atividade terciária, especialmente no turismo. Segundo a pesquisa, 34,7% das empresas do setor turístico vivenciam redução do faturamento entre 26% e 50%.
Metodologia
Participaram da pesquisa 620 empresas, instaladas e atuantes no Paraná, cujos representantes foram ouvidos no período compreendido entre 3 a 24 de junho de 2022. A margem de erro é de 4%, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi realizada nos polos de comércio do Paraná em que a Fecomércio PR e o Sebrae Paraná realizam a Pesquisa Conjuntural do Comércio, de periodicidade mensal – Curitiba e Região Metropolitana, Londrina, Maringá, Oeste, Ponta Grossa e Sudoeste.
Fonte: Fecomércio-PR