Muitas vezes somos taxados com mídia sensacionalista, quando publicamos assassinatos e mortes violentas. Recentemente publicamos uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que apontou em 20 anos, que as armas de fogo mataram 145 mil jovens no Brasil, tendo o Paraná na liderança dos índices na região Sul, com 8.111 mortos, entre 1997 a 2016. Mostrando que a violência precisa ser tratada não como uma questão pessoal, mas sim crônica e social.
Temos que falar bastante do assassinato de Wycaro Elias Domingues. Para mostrarmos a sociedade que as mortes não podem continuar acontecendo de forma banal, como um evento corriqueiro. Neste contexto a mídia age como um anestesiador, onde as famílias de vítimas dos crimes, põem suas esperanças em busca de justiça, fazendo com que a polícia aponte os culpados o mais rápido possível. Mesmo com cenas dramáticas, o objetivo maior é trazer à tona uma reflexão e uma discussão sobre a violência e as mortes em quantidade expressiva de jovens da periferia. Na maioria das vezes sem uma resposta dos órgãos competentes e de segurança.
Para os psicanalistas Edson Luiz André de Sousa e Paula Goldmeier, mesmo que os adolescentes demonstrem atitudes violentas, se faz necessário mais de nunca o combate ao tráfico de drogas de forma incansável. O que não pode é continuarmos agindo com indiferença a esses índices e o volume de tantas mortes. Quando ninguém toma para si o cuidado da criança, quando falha a família, a comunidade, o Estado, a criança encontra a rua como único espaço de acolhida. Aquele jovem que tentou ganhar um sustento impossível por causa do desemprego; aquele que mamou em sua infância tais doses de irracionalidade que não consegue se relacionar sem violência; ou aquele outro cujas expectativas de viver se afogam em álcool, barbitúricos ou caça-níqueis”. (Reguera).