Riscos das barragens de mineralização: da natureza à saúde

As barragens de mineralização servem, fundamentalmente, para evitar que, no processo de extração de determinados minérios, exista a libertação de
resíduos para os rios.
A tentativa de minorar o impacto ambiental deste tipo de exploração, fez com
que o ser humano criasse estes buracos de lastro – aos quais chamamos de
barragens de mineralização – para conter os dejetos resultantes da extração
mineral e evitar que o impacto ambiental fosse avassalador.
Embora as razões para a criação deste tipo de estrutura sejam muito válidas,
não deixa de existir alguns constrangimentos associados à forma efetiva como as estruturas foram concebidas e edificadas.
Essencialmente formadas por limo e areia, as paredes que suportam este tipo
de dejeto são instáveis e permitem, com frequência, que ocorram desastres
catastróficos e com danos prementes, tanto ao nível ambiental como da própria vida e saúde humanas.
O rompimento das barragens de mineralização tem, historicamente, feito
muitas vítimas e, por isso mesmo, conhecer os efeitos efetivos e os riscos que
este tipo de situação comporta para a saúde do homem e da natureza torna-se fundamental.
Hoje, olharemos estas questões, para que fique a saber quais os maiores
perigos dos acidentes em barragens de mineralização.

 

Manutenção e perigos das barragens de mineralização

A manutenção das estruturas de barragens de mineralização é fundamental
para garantir que estas suportam q imensa quantidade de resíduos que
albergam. Falamos, aqui, de mais do que o equivalente à 500 estádios de
futebol, em lama e dejetos.
A memória brasileira guarda dois dias negros, respetivamente nos anos de
2015 e 2019. Falamos, pois, das tragédias do Brumadinho e de Mariana.
Mariana viu, em 2015, a sua a Barragem de Samarco romper, para libertar
mais de 45 milhões de metros cúbicos de dejetos, deixando um rasto de
destruição em seu redor, onde houve várias vítimas mortais e um impacto
ambiental fortíssimo.
Quatro anos depois, já em 2019, Barragem do Vale, no Brumadinho, viria a
causar uma destruição idêntica, libertando mais de 12 milhões de metros
cúbicos de lama sobre a região vizinha e deixando diversos mortos e
desaparecidos no seu percurso.
Jornais internacionais apontaram para os perigos das estruturas brasileiras
neste tipo de barragem, apontando diversas falhas de segurança e
manutenção e prevendo que a situação torne a acontecer no futuro, a menos
que as medidas preventivas sejam adotadas.

 

Impacto da ruptura de barragens para a natureza e a saúde
O impacto efetivo de situações como as das tragédias do Brumadinho e de
Mariana são imensos.

Momento do rompimento da barragem de Brumadinho, no início de 2019 (Foto: Reprodução)

Além de causarem a destruição natural e impedirem que o ambiente recupere,
já que a lama contém resíduos cuja remoção é muito difícil; este tipo de
acontecimento altera a dinâmica espacial e contribui para severos problemas
de saúde físicos e mentais.
A nível físico, o maior risco prende-se com as doenças respiratórias, já que,
depois de secos, estes resíduos – muitos dos quais metálicos – viram poeira e
entram no sistema respiratório, originando sérios constrangimentos a este
nível.
A nível mental, está comprovado que os sobreviventes deste tipo de tragédia –e, em particular, as famílias de vítimas mortais – têm maior propensão a sofrer de ansiedade, stress e depressão.

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