Comunidades Guarani do Paraná recebem impulso para pesca artesanal e sustentabilidade alimentar
Serão distribuídos kits de pesca para 50 comunidades do Oeste e Litoral. Ação faz parte do projeto Opaná, parceria entre a Itaipu e a Fundação Luterana de Diaconia
Quinze comunidades indígenas do Oeste e do Litoral do Paraná começaram a receber, nesta semana, kits de pesca compostos por mais de 50 itens, como varas de pescar, molinetes, anzóis, chumbadas, boias, redes e tarrafas. A ação faz parte do projeto Opaná: Chão Indígena, uma parceria entre a Itaipu Binacional e a Fundação Luterana de Diaconia (FLD).
O superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Gilmar Secco, explicou que a entrega dos itens atende a dois objetivos: segurança alimentar das comunidades indígenas e preservação da tradição por meio do fortalecimento da pesca artesanal. “A partir de entregas como essa, a Itaipu não só consolida e amplia sua ação junto às comunidades Guarani no Oeste do Paraná como garante um valioso incremento proteico as famílias indígenas”, afirmou.
Secco explicou que, até 2023, três aldeias da região Oeste do Paraná eram atendidas pela Itaipu, dentro do Programa Sustentabilidade das Comunidades Indígenas: Tekoha Ocoy, de São Miguel do Iguaçu, e Tekoha Añetete e Tekoha Itamarã, ambas de Diamante d’Oeste. As ações realizadas nessas comunidades acontecem por meio de convênios com as prefeituras e com as Associações de Pais, Mestres e Funcionários das Escolas Estaduais Indígenas Teko Ñemoingo (Tekoha Ocoy), Kuaa Mbo’e (Tekoha Añetete) e Araju Porã (Tekoha Itamarã).
Com o Programa Opaná, a atuação foi ampliada para as demais comunidades Guaranis residentes na área de influência de Itaipu. A intenção é apoiar as ações de promoção da educação e cultura, segurança alimentar e nutricional, melhoria da infraestrutura e fomento à produção agropecuária de subsistência junto às comunidades indígenas Guarani do Oeste e Litoral do Paraná.
Para Oscar Benites, cacique do Tekoha Yva Renda em Itaipulândia, no Oeste do Paraná, a chegada dos equipamentos de pesca é muito bem-vinda e proporcionará a manutenção de uma relação ancestral do povo Guarani com os peixes. “Estávamos ansiosos pelos equipamentos de pesca, nossa comunidade não tem recursos e este material vai ajudar muito para a alimentação. O peixe é um alimento ancestral para nós. A comunidade toda está muito feliz e agora vamos pescar no fim de ano”, comemora Oscar.
A assessora de projetos da FLD e engenheira de aquicultura Micheli Becker, responsável pelo acompanhamento da piscicultura pelo projeto Opaná nas comunidades, destaca a relação entre o povo Guarani e os peixes. “Culturalmente, o peixe sempre fez parte da vida Guarani. Muitos se lembram com saudade da infância, quando se banhavam nos rios e de lá tiravam o alimento. O projeto busca resgatar e fortalecer esse vínculo e base alimentar que sempre existiu”, explica Micheli.
Outro pilar na área de piscicultura do projeto é a instalação de 31 tanques elevados para a criação de peixes, pensados para as comunidades que não possuem acesso direto a rios ou ao Lago de Itaipu. Esses tanques serão povoados com três mil alevinos de tilápia por tanque, totalizando 93 mil exemplares da espécie, que serão criados e tratados localmente. Após o ciclo de crescimento dos peixes, o alimento será distribuído entre as famílias, garantindo uma fonte segura e sustentável de proteína para populações que, frequentemente, enfrentam desafios relacionados à segurança alimentar. Micheli ressalta o cuidado e o respeito que o povo Guarani tem pelos peixes, enfatizando que os momentos de despesca são verdadeiras celebrações envolvendo toda a comunidade e, em especial, as crianças. “Na cultura Guarani, há um profundo respeito pelos animais, especialmente pelos filhotes”, acrescenta.
Sobre o Opaná: Chão Indígena
O projeto Opaná: Chão Indígena vai além da entrega de materiais: ao fortalecer a relação dessas comunidades com os recursos naturais, o projeto reforça os laços culturais e ambientais que definem a identidade do povo Guarani. Mais do que um gesto de apoio, a iniciativa representa o resgate de saberes ancestrais adaptando-os aos desafios contemporâneos. E, assim, as margens dos rios e lagos não só alimentam os corpos, mas também nutrem a memória e a resistência de um povo que insiste em preservar suas raízes.
* Com informações de Assessoria FLD