Parceria entre Itaipu e Embrapa vai contribuir com a prevenção de catástrofes climáticas no Paraná

Assunto é tema de reunião com órgãos estaduais nesta quarta-feira (27) no Palácio Iguaçu

Uma parceria entre a Itaipu Binacional e a Embrapa Florestas para mapeamento de solos e vegetação fluvial deverá contribuir também para a prevenção de catástrofes climáticas, como a que ocorreu no Rio Grande do Sul nos meses de abril e maio deste ano. A metodologia, inicialmente utilizada na área de drenagem do reservatório da Itaipu, deverá ser aplicada para mapear áreas suscetíveis a eventos climáticos extremos no Paraná.

O assunto é tema de uma reunião que será realizada nesta quarta-feira (27), no Palácio Iguaçu, em Curitiba, em que a Embrapa fará uma apresentação à Defesa Civil do Paraná, Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), entre outras instituições envolvidas.

O objetivo é criar estratégias de mitigação e resposta a eventos climáticos extremos, com base em diagnósticos técnicos e lições aprendidas no Rio Grande do Sul, que possui geologia, solos e vegetação semelhantes à do Paraná. Dentre as propostas, está a elaboração de mapas das diversas regiões do estado com a indicação de pontos críticos e de maiores riscos, que auxiliarão na prevenção e nas tomadas de decisão dos órgãos envolvidos com emergências.

A metodologia foi inicialmente desenvolvida pela Embrapa para avaliar a interação das chuvas com os solos, a vegetação fluvial e as respostas dos rios em relação a produção de água na bacia incremental do reservatório da Itaipu. A demanda da Binacional era justamente combinar com o mapa de solos, alguns processos do ciclo hidrológico que interagem com o solo e com a vegetação fluvial nessa região.

A partir desse aprendizado, a equipe técnica levou a metodologia para ser aplicada no Rio Grande do Sul. Após as enchentes naquele estado, pesquisadores da Embrapa estiveram a campo para realizar diagnósticos, especialmente em áreas de produção agropecuária atingidas por deslizamentos, deposições e inundações. Os resultados desses diagnósticos foram incorporados ao Programa Recupera Rio Grande do Sul.

Nas parcerias entre Itaipu e Embrapa, os trabalhos de mapeamento na área incremental do reservatório tiveram início em 2018 com o Projeto PronaSolos PR na BHP3 (Programa Nacional de Solos do Brasil no Paraná, módulo Bacia Hidrográfica Paraná 3 e parte da Bacia Hidrográfica Piquiri) e permanecem em andamento por meio do Programa Ação Integrada de Solo e Água (AISA), nas bacias dos rios Piquiri, Ivai, Paraná 1 e Paraná 2. Para a Itaipu, o principal objetivo dessa parceria é o de melhorar a entrada de dados sobre solos em modelos hidrológicos utilizados pela área técnica da usina para prever quanta água vai entrar no reservatório e, assim, contribuir com o planejamento de geração de energia da empresa.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.