Artigo: Quanto valem os dados públicos?

 

Dentro da legalidade, nada, a LGPD proíbe a venda de dados. Mas e fora da legalidade? O valor é imensurável. Uma fortuna, mas apenas para criminosos.

Na segurança pública, policiais usam máscaras para prender grandes criminosos. Quanto o crime organizado pagaria pela identidade desses policiais? Estes dados estão na Celepar.

Qual valor empresários desonestos pagariam por dados fiscais dos concorrentes? Dados da Celepar.

Nas mãos da iniciativa privada, estes dados fariam parte de uma empresa que busca lucro cuidando de uma fortuna imaterial. Algo como receber em prata para cuidar de diamantes.

Assim como uma empresa prefere pagar multas ambientais ao invés de evitar a poluição, por ser muito mais barato, uma Celepar privada poderia vender os dados e pagar para ver.

Em caso de uma multa pesada, entram em jogo as possiblidades de negociação com o Governo Estadual, que quer criar um órgão regulatório com integrantes nomeados – ou seja, indicados e remunerados pelo próprio Poder Executivo.

Sem contar a possibilidade de a empresa ter um CEO laranja pra ser preso no Brasil enquanto o dinheiro da venda dos dados está rendendo lucro em outro país ou, ainda, em algum paraíso fiscal.

Mesmo que a empresa compradora seja 100% idônea e honesta, nada impede que ela venda a Celepar futuramente. É a lei do mercado, ainda mais quando o assunto é tecnologia e inovação. As empresas valorizam rapidamente e, para os empresários, o que vale é o lucro.

Vender a Celepar seria um caminho sem volta e a proibição da negociação dos dados pessoais da população, graças à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), é questão de bom senso. Isso, no entanto, é algo que, infelizmente, não é uma predominante no ambiente corporativo, basta ver o baixo índice de empresas que já estão adequadas à legislação que está em vigor há mais de quatro anos.

Trata-se de uma completa desconexão da atual geopolítica no processamento de dados em meio à guerra digital. Nesse caso, o batalhão de frente é a própria população, que sequer desconhece as estratégias da luta e entra na batalha totalmente vulnerável.

O Comitê de Funcionários da CELEPAR contra a Privatização é formado por trabalhadores da companhia contrários à forma como está sendo conduzida a venda da empresa.

 

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