Agronegócio paranaense ganha protagonismo no cenário nacional e global
Com sua vocação na produção de alimentos, o Brasil assumiu, nos últimos anos, papel de destaque mundial. Entre os estados que contribuíram para esse crescimento promissor está o Paraná, e seus resultados comprovam isso. No último ano, por exemplo, a exportação do setor agropecuário paranaense atingiu mais de 30 milhões de toneladas, o maior de sua história com uma receita de US$ 25,2 bilhões. O incremento registrado foi o maior do Sul e do Sudeste do país credenciando o estado como o quinto maior exportador brasileiro.
Entre os cultivos, destaque para o milho, que acaba de ter colheita recorde na região apresentando um cenário promissor também para a safra 2024/25 que se inicia em agosto. Entre os produtores responsáveis por números tão positivos está Ronei Gaviraghi, do município de Mangueirinha. Juntamente com ajuda de seu pai Cirineu Gaviraghi e dos irmãos Mateus e Gabriel, ele ganhou protagonismo nacional ao ser um dos vencedores do concurso de produtividade do milho, que aconteceu durante o Fórum Getap Verão/2024. A iniciativa do Grupo Tático de Aumento de Produtividade, realizado desde 2021 pela consultoria Céleres, é um concurso que reconhece os agricultores que tiveram alta performance e se sobressaíram em suas respectivas regiões.
No caso de Gaviraghi, ele foi o grande campeão na categoria sequeiro ao alcançar a expressiva marca de 270 sacas por hectare. Para entender tal feito, o resultado é três vezes maior que a média nacional, de 95 sacas por hectare, segundo a Conab (Companhia Nacional do Abastecimento). De acordo com o produtor titular da fazenda São Manoel, em sua área de 325 hectares onde cultiva no verão milho e soja e no inverno trigo e esporadicamente feijão, ser o destaque em produtividade foi uma boa surpresa ainda mais por ser a primeira vez que se inscreveu no concurso de produtividade. “Acompanho o Getap desde a primeira edição, e resolveu desafiar a nossa equipe e deu certo”, destacou.
O segredo da alta produtividade
De acordo com o produtor, para atingir altos níveis de produtividade no cultivo de milho, há vários fatores que podem influenciar. No caso da fazenda São Manoel, a localização privilegiada com altitude ideal para a cultura, contribuíram com os resultados, entretanto, a atenção com o preparo de solo, também fez e faz a diferença. “Nosso clima colabora, mas juntamente a isso soma-se o cuidado com qualidade do manejo para permitir que o milho expresse todo o seu potencial”, detalhou.
Outro diferencial da fazenda São Manoel é o trabalho de correção de solo com calcário e gesso para formação de perfil e ajuste de nutrientes. Além disso, tem sido determinante a atenção com as plantas de coberturas, principalmente pensando na estratégia daquilo que essas cultivares irão entregar para a cultura principal. “É importante pensar além da proteção de solo, essas plantas de cobertura precisam agregar valor à safra principal. São detalhes que não exigem muito investimento, mas que fazem toda a diferença”, confessou Gaviraghi.
Adoção de tecnologia é fundamental
O emprego da tecnologia não é algo isolado da fazenda São Manoel, muito pelo contrário, tanto a região sudoeste paranaense onde a propriedade está localizada quanto o Estado, se destacam nesse sentido. “O agricultor do Paraná é mais tecnificado e as condições favoráveis de clima nos dá a segurança para continuar fazendo novos investimentos”, disse o campeão.
Assim como Gaviraghi, o agricultor Nilson de Paula Xavier Marchioro, de Ipiranga/PR, também se destaca quando o assunto é tecnologia. Ele que colheu 256,3 sc de milho por há, assegurando a segunda colocação no prêmio Getap Verão/2024 na categoria sequeiro, conta que o investimento em inovação precisa ser constante aliando eficiência às questões sociais e ambientais.
Na região dos Campos Gerais, no Centro-Leste do estado, possui duas fazendas (Água Verde e Tamanduá), que são cultivadas em sociedade com um primo (Gil de Paula Xavier Moro). Juntas as propriedades somam cerca de 1.000 hectares de lavoura onde cultivam grãos, mais 150 hectares de pastagem para seleção de gado Canchim, e ainda 150 hectares de reflorestamento de pinus e eucalipto.
Segundo o produtor, participar do concurso foi um estímulo pelo reconhecimento que a premiação gera diante do trabalho e investimento feito. “Creditamos esses resultados ao conjunto de técnicas que adotamos levando em conta a real necessidade de fertilização de solo, a escolha de híbridos, variedades que possibilitem o plantio escalonado e o uso da tecnologia focada na agricultura de precisão”, destacou.
Ele acrescenta ainda, que entre os seus diferenciais de manejo está a atenção com a utilização de adubo com taxa variável, amostragem de solo em rede, onde há mapas de fertilidade detalhados que lhe permite o planejamento nutricional das plantas de forma econômica. O manejo sanitário também é preocupação constante por meio do controle integrado de pragas e doenças. “O sucesso na agricultura é composto por um conjunto de fatores”, reforçou Marchioro.
Atento aos eventos climáticos que tem acontecido em todo o País, atualmente ele volta sua atenção também para o balanço de carbono em sua propriedade. Tendo consciência da importância desse tema, está realizando estudos no sentido de determinar o quanto o seu sistema de produção armazena carbono no solo. “Estamos diminuindo as emissões de gases de efeito estufa e armazenando carbono no solo, o que em breve vai gerar créditos, proporcionando recursos que vão retornar ao processo produtivo. Esse é um dos nossos objetivos. Isso é pensar globalmente e agir localmente ”, finalizou Marchioro.
Também do Paraná, o agricultor Egon Heinrich Milla, do município de Candói, esteve entre os destaques do prêmio Getap. Ele alcançou a terceira colocação com a produção de 253,0 sc/ha.