Tarifa Social: Seis mil famílias de Guarapuava precisam atualizar o cadastro    

Ter uma economia de até 65% no pagamento da conta de energia elétrica todo o mês, é um benefício para famílias de baixa renda inscritas no programa Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE), do governo federal. Apesar de favorável, cerca de seis mil famílias de Guarapuava, que podem ter direito ao benefício, não recebem por estarem com os dados desatualizados no CadÚnico e na Energisa. 

“Essa falta de atualização cadastral impede a Energisa de conceder o desconto de forma automática. Hoje utilizamos os dados do Cadastro Único (CadÚnico), do Ministério do Desenvolvimento Social, para identificar as famílias que se enquadram na tarifa social.

Mas, há situações em que no CadÚnico está um CPF cadastrado e na Energisa a conta de luz está no nome de terceiros, por exemplo. A concessionária não tem como localizar esse cliente que pode receber o desconto”, explicou Dalessandro Luis Mafei, gerente de Serviços Comerciais da Energisa Sul-Sudeste. 

Todavia, a solução é simples: basta a família procurar o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do município e atualizar o seu cadastro. “Em relação à Energisa, é importante a pessoa ter a certeza de que o titular da conta de energia é o mesmo do CPF que consta no CadÚnico.

Caso seja diferente, é preciso a atualizar os dados na Energisa, que pode ser feito pelos canais digitais, sem sair de casa. Basta ter em mãos uma conta de energia recente, um documento pessoal e o cartão do Número de Identificação Social (NIS) ”, garantiu Dalessandro. 

Feito isso, o desconto da tarifa social é concedido automaticamente para a família que se enquadra nos requisitos do programa. 

Direito à tarifa social 

Atualmente, em Guarapuava são 12,5 mil famílias contempladas pela tarifa social. O benefício é direcionado a: 

  • Famílias inscritas no Cadastro Único com renda mensal menor ou igual a meio salário-mínimo por pessoa; 
  • Famílias com portador de doença que precise de aparelho elétrico para o tratamento – nesse caso com renda mensal de até três salários-mínimos; 
  • Famílias indígenas, quilombola ou com integrante que receba o Benefício de Prestação Continuada.
Já o percentual de desconto é concedido conforme o consumo do imóvel sendo: 
  • 65% de desconto para clientes que consomem até 30 kWh/mês 
  • 40% de desconto para quem consome de 31 kWh/mês a 100 kWh/mês 
  • 10% de desconto para consumo de 101 kWh/mês até 220 kWh/mês 
  • Não há desconto para consumos superiores a 220 kWh.
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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.