O projeto de extensão Capacitação em Produtos de Panificação, Conservas e Doces foi criado e é desenvolvido pelo Departamento de Engenharia de Alimentos da Unicentro, em parceria com o Núcleo Maria da Penha de Guarapuava (Numape). Objetivo é proporcionar um recomeço para mulheres que passaram por situações de violência e, sobretudo, enfrentam barreiras sociais, econômicas e emocionais.
“Em conversa com o Numape, eles nos colocaram que essas mulheres que são atendidas, elas passam muitas vezes por problemas de agressão dentro de casa, violência doméstica, passam até por necessidades financeiras, problemas psicológicos. Então, a gente pensou em possibilitar para essas mulheres uma luz no fim do túnel, uma possibilidade de elas verem que elas podem gerar renda”, explicou a coordenadora da ação extensionista, professora Roberta Letícia Krüger.
“Esse é o nosso objetivo, estimulá-las a pensar em empreender, nem que seja em casa, mas que elas consigam gerar um recurso e também aumentar a autoestima delas, mostrar que elas são capazes de serem produtivas e fazerem o bem para elas e para sociedade, uma oportunidade de recomeçar”, completou.
Segundo a professora, contemplado em um edital da Vara de Execuções Criminais de Guarapuava, o projeto vai ofertar três turmas, de até doze mulheres cada. Os recursos propiciaram a compra de equipamentos e dos alimentos utilizados nas aulas, que são ministradas de forma voluntária por seis professores do departamento, e contam com o suporte de uma técnica formada e quatro acadêmicos. O conteúdo engloba aulas teóricas e práticas, que envolvem processamento de alimentos e práticas de fabricação.
“A maior parte são aulas de panificação – biscoitos, massas doces, massas para salgados, tortas, tortas salgadas, alguns salgadinhos – e algumas aulas de doces derivados de hortaliças, que seriam doce de abóbora, geleia de laranja, geleia de abacaxi – e as últimas aulas, que são de processamento de vegetais. A gente tem algumas aulas de conserva salgadas e algumas aulas de processamento de vegetais”, contou Roberta.
Na última sexta-feira (24), foi realizado o encerramento da segunda turma e teve início a terceira. Até agora 18 participantes saíram formadas, com direito a certificado, e mais 12 iniciaram uma nova jornada.
“A nossa primeira aula prevê uma palestra sobre empreendedorismo, para já acender uma luzinha ali na cabeça das mulheres para, quem sabe, com o conhecimento que elas vão adquirir no curso, pensar em, mais para frente, ganhar um dinheiro para elas. E também uma palestra sobre boas práticas de fabricação”, explicou Roberta.
As mulheres que participam do curso são atendidas e selecionadas pelo Numape.
Durante o curso, as mulheres com filhos de quatro a 10 anos e que não estão no período escolar, podem contar com o apoio da Brinquedoteca da Unicentro e com transporte realizado pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres de Guarapuava.
“Para nós, do Numape, o que mais aparece é a questão da vulnerabilidade financeira, dessa dependência do seu parceiro. Então, o curso possibilita uma capacitação, uma forma de elas empreenderem e iniciarem essa independência do marido, do seu parceiro.
O Numape e o curso juntos são muito importantes, porque no mesmo momento que elas seguem no curso, a gente segue dando esse apoio, acolhendo essa mulher com atendimento psicológico, no atendimento jurídico e depois também a gente continua vendo como ela está, porque a ideia é que ela rompa esse ciclo de violência e inicie uma nova história”, complementou a psicóloga do Numape, Eliana Sutil.
Com o êxito do projeto e com o retorno positivo das participantes, o futuro do curso de capacitação é promissor. “Nós temos mais um projeto aprovado nesse sentido. A gente está equipando o laboratório para poder ofertar novas turmas”, concluiu a professora.