Universidades estaduais do Paraná voltam a aparecer com destaque em ranking internacional

As universidades estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG) e do Oeste do Paraná (Unioeste) estão entre as melhores instituições de ensino superior do mundo, segundo o World University Rankings 2023, da consultoria britânica Times Higher Education (THE). O levantamento foi divulgado nessa semana, durante o evento THE World Academic Summit 2022, em Nova York, nos Estados Unidos. O Brasil tem 62 universidades classificadas.

Nesta edição, entre as universidades brasileiras, a UEL aumentou 24 posições, em relação ao ano anterior, passando da 50ª colocação para a 26ª. A instituição manteve a classificação global no grupo 1201-1500. Na sequência, a UEM, a Unioeste e a UEPG figuram em 34º, 35º e 60º lugar nacional, respectivamente. No global, as três estaduais estão no grupo 1501+.

Ao todo, foram avaliadas 1.799 universidades de 104 países. Os resultados compreendem 13 indicadores de desempenho, agrupados em cinco métricas: qualidade de ensino (30%), inovação (2,5%), internacionalização (7,5%), pesquisa, incluindo volume, investimento e reputação (30%), e citações, referente à influência da pesquisa (30%).

No quesito inovação, relativo à transferência de conhecimento, a UEL é a segunda instituição mais bem avaliada da Região Sul do Brasil e a sexta do País, à frente inclusive da Universidade de São Paulo (USP), primeira colocada no ranking geral nacional.

Para a reitora da UEL, professora Marta Regina Gimenez Favaro, as universidades cumprem papel importante na formação de profissionais e na produção de conhecimento em benefício da sociedade.

“Os resultados nesse ranking refletem o trabalho que vem sendo desenvolvido na área de ensino e na formação de profissionais qualificados. Também conseguimos destaque em citações, o que demonstra que o trabalho produzido pelos pesquisadores está sendo reconhecido como referência em todas as áreas do conhecimento”, afirmou.

Referência – O World University Rankings reforça outras classificações internacionais da THE, que mensuram a qualidade do ensino superior ao redor do mundo. No Latin America University 2022, dedicado às universidades latino-americanas, UEM, UEL e UEPG ocupam as posições 45, 50 e 92, nessa ordem, seguidas pela Unioeste, classificada no grupo 101-125.

O Impact Rankings 2022 – que avalia a atuação acadêmica em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) – destaca as universidades estaduais do Paraná nas seguintes colocações: UEM – 301-400; UEL – 401-600; e UEPG e Unioeste – 801-1000.

Além das estaduais, o ranking de 2023 também classifica a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.