Estrutura do Ferroviário Esporte Clube vai a leilão

O local é de responsabilidade do Fundo Previdenciário do Município de União da Vitória (Fumprevi) que se encontra em difícil situação financeira, segundo a publicação. A administração de União da Vitória sugere que esta alienação (que é a transferência para outra pessoa de um bem ou direito) poderá salvaguardar o déficit do Fundo. Até o momento não foi cogitado sobre qual será o destino do Ferroviário Esporte Clube.

Segundo o site Simon Leilões o lance inicial está em R$14.500.000,00. A portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) informa que o leilão único, anunciado na semana passada, será dividido em três lotes: o primeiro na rua Marechal Deodoro, com área de 20.969,48m² e lance inicial de R$ 14.500.000,00; o segundo na Rua Marechal Deodoro, com área de 4.478,73m² e lance inicial: R$ 3.437.552,00; o terceiro na Rua Marechal Deodoro, com área de 1.962,22m² e lance inicial: R$ 1.553.088,00.


Patrimônio histórico

De acordo com o jornal do Comércio, a decisão da venda do espaço que abriga o Ferroviário Esporte Clube causou insatisfação à população, em especial de seus entusiastas e apoiadores. O advogado e atual presidente da entidade, Nelson Pedroso, defende uma mobilização para suspender o leilão.

“Não restam dúvidas de que fomos pegos de surpresa com esta notícia, pois a celeridade em que marcaram o leilão foi inusitada. Juridicamente estamos tomando todas as providências possíveis para salvaguardar este patrimônio que é de grande interesse público. Quanto ao leilão existem interesses diversos que o próprio ato irá demonstrar que alguém quer levar vantagem com à venda.

A avaliação é totalmente fora da realidade imobiliária caracterizando-se em prática de preço vil (que é quando o valor da arrematação é muito baixo. Se algum bem do seu patrimônio foi leiloado por valor vil, isso pode gerar a anulação do leilão). A preservação deste patrimônio histórico necessariamente tem que ter a participação de toda a comunidade”, disse.

Durante a Reunião Ordinária da Câmara de Vereadores de União da Vitória, na segunda-feira (20), o leilão do Ferroviário foi um dos temas abordados. “Se desfazer de outros patrimônios não irá sanar o problema do Fumprev. A dívida do fundão irá acarretar problemas gravíssimos para o município”, disse o vereador Emerson Lourenço.

Ao jornal, o vereador Anderson Cardoso também questionou o valor do lance inicial e acrescentou estar muito abaixo do que ele realmente vale. Pontuou ainda que o assunto deve ser resolvido junto ao Executivo e que os vereadores não poderão intervir no atual momento dessa situação.

Pelas redes sociais, o presidente do Ferroviário fez questão de tornar pública a sua opinião. “Primeiramente, o que se deve esclarecer é que o terreno foi passado para a Prefeitura de União da Vitória pela União, quando da privatização da Rede Ferroviária Federal, e, por meio de Dação em pagamento, o município repassou o referido terreno para o Fumprevi como forma de amortização da dívida em face do Sistema Previdenciário dos Servidores Públicos Municipais.

Contudo, todo o patrimônio, benfeitorias, manutenção, glórias e história esportiva e cultural foram constituídos pelo suor, dinheiro e abnegação dos operários ferroviários e, esses pressupostos não pertencem ao município, mas sim ao povo de União da Vitória e, de forma alguma podem ser vendidos”.

O Ferroviário Esporte Clube nasceu como entidade com a construção do espaço e com a inauguração dele em maio 1944 e posteriormente, em 1º de maio de 1964 a construção do Estádio Eneias Muniz de Queiroz. Entre outros momentos importantes na história de ambos estão as conquistas na Liga Esportiva Regional Iguaçu(Leri) e o título de campeão da Primeira Taça Paraná de Futebol Amador.

De acordo com Nelson Pedroso o Ferroviário é apontado como um dos mais tradicionais espaços esportivos do Vale do Iguaçu. As atividades realizadas no Clube e no Estádio são abertas à comunidade, tendo a bocha como o carro-chefe das ações e das competições.

O jornalista Ricardo Silveira pontuou que o Clube Ferroviário foi palco de importantes competições de bocha, inclusive suas canchas foram consideradas por especialistas como uma das melhores do Sul do Brasil. Acrescentou que o complexo esportivo, que conta com o Estádio Eneias Muniz de Queiroz, contou com jogos da Liga Esportiva Regional Iguaçu (Leri), além do título de Ferroviário da Primeira Taça Paraná de Futebol AmadorAli a Associação Atlética Iguaçu iniciou sua história no futebol profissional de União da Vitória“Inúmeros jogos do Campeonato Paranaense lotaram as arquibancadas do estádio”.

Também foi no local que, com o apoio voluntário do advogado, entusiasta e desportista Valdir Gehlen, nasceu no Clube Ferroviário, a conhecida Escolinha de Futebol VG Ferroviário, que já treinou mais de três mil atletas. Além de proporcionar o esporte, a escolinha tem o papel importante na formação dos jovens como cidadãos.

Ricardo lembrou ainda que não foi apenas no esporte que o Clube Ferroviário se destacou. “Em um dos episódios mais tristes da história do Vale do Iguaçu, a enchente de 1983, o complexo abrigou pessoas que perderam seus pertences com a cheia do Rio Iguaçu”.


Administração

O prefeito de União da Vitória, Bachir Abbas, disse que essa discussão deveria ter acontecido anos atrás. Acrescentou que os pagamentos junto ao Fumprevi aconteceram em 2014, 2015 e 2018. “Foi aprovada uma lei na Câmara pela Comissão do Fundo e, que agora com o Fumprevi sem recursos, será necessária a venda do espaço para ser transformado em dinheiro. O imóvel é do Fumprevi e a discussão sobre o assunto deveria ter acontecido quando a comissão do fundo e os vereadores fizeram a doação e aceitaram o imóvel como pagamento para compensação do Fundo de Previdência”.

A Administração de União da Vitória divulgou uma nota sobre o leilão no dia 15 de junho:

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