Universidades estaduais do Paraná se destacam em novo ranking internacional

As universidades estaduais de Maringá (UEM) e Londrina (UEL) estão entre as cem melhores instituições de ensino superior da América Latina. A informação é do Webometrics Ranking of World Universities 2022, uma classificação global, elaborada pelo grupo de pesquisa Cybermetrics Lab, vinculado ao Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), principal instituição de pesquisa da Espanha.

A UEM alcançou o 76º lugar e a UEL a 93ª colocação latino-americana. Considerando somente as universidades brasileiras, as duas universidades ocupam as posições 37 e 43, respectivamente. Ao todo, foram avaliadas 3.914 instituições de ensino superior na América Latina, sendo 1.285 no Brasil.

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As demais instituições estaduais de ensino superior também se destacaram nesse índice internacional de pesquisa. As universidades estaduais de Ponta Grossa (UEPG), do Centro-Oeste (Unicentro) e do Oeste do Paraná (Unioeste) estão em 53º, 71º e 75º lugares da classificação nacional, nessa ordem. Já as universidades estaduais do Norte do Paraná (UENP) e do Paraná (Unespar) ocupam as posições 152 e 190 do ranking entre as instituições brasileiras.

Para o superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Nelson Bona, a classificação das instituições estaduais paranaenses nesse ranking reflete o compromisso da comunidade acadêmica com o desenvolvimento científico e tecnológico.

“Esse reconhecimento é resultado de um trabalho focado no avanço da ciência, que vem sendo desenvolvido ao longo dos últimos anos, para a transformação do conhecimento científico em soluções práticas e concretas, que podem ser novos produtos, serviços ou processos”, afirmou.

Ranking – Realizado desde 2004, o Webometrics Ranking of World Universities compreende três indicadores: visibilidade, que avalia o impacto do conteúdo na web, com base no número de fontes externas com links que levam ao portal da instituição; transparência, que se refere ao número de citações entre os pesquisadores mais relevantes na plataforma Google Scholar; e excelência, que considera o número de pesquisas entre as 10% mais citadas em cada disciplina do banco de dados Scimago.

Além das estaduais, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) completam a lista de instituições públicas paranaenses classificadas.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.