Guarapuava é sede de debate da nova Ferroeste

Guarapuava sediou mais um debate sobre a nova Ferroeste, que potencializará os diversos setores do município abrangidos pelo empreendimento, com redução do tempo e do custo do transporte de cargas até o Porto de Paranaguá. A reunião ocorreu na sede Sindusmadeira.

“Nós tivemos uma primeira reunião técnica esse ano e foi solicitado a alteração do trajeto original em que a ferrovia passaria por dentro do município. E agora, o traçado passará pelo contorno norte.

É um projeto complexo que demanda muitas discussões e detalhamento, mas que teremos resultados positivos para economia de Guarapuava, consolidando um dos maiores corredores de movimentação de cargas do país, fazendo com que as indústrias daqui economizem tempo e tenha redução no custo ”, destacou o prefeito, Celso Fernando Góes.

De acordo com o secretário de Planejamento e Urbanismo, Paulo Dirceu Rosa de Souza, esta será uma grande oportunidade para alavancar o setor produtivo da cidade melhorando o setor logístico que compõe além da ferrovia, a PR 466, 170 e a br 277, o Aeroporto que voltará a ter voos comerciais ainda este ano.

“O novo traçado que desvia o nosso perímetro urbano na região norte da cidade, vai oportunizando o crescimento urbano em áreas hoje de difícil ligação em função da existência da malha ferroviária atual. É uma vitória para Guarapuava e mais um marco do seu desenvolvimento”, ressaltou.

O coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, destacou que apenas 20% das cargas gerais exportadas do Paraná chegam aos portos por trem. Com a Nova Ferroeste esse número deverá saltar para 60%. Beneficiando assim, a indústria madeireira da região de Guarapuava, já que quase toda a carga de exportação desse setor é atualmente levada até o porto por caminhões.

“Temos um porto que é referência no continente, tanto em importação quanto exportação, mas é preciso otimizar a chegada e saída dos produtos. O modal rodoviário já está no limite e o desenvolvimento da malha ferroviária é o que vai fazer a logística do Paraná dar um salto em agilidade e na relação custo x benefício”.

“Guarapuava já tem uma estrutura da Ferroeste, com oficina mecânica e funcionários. É uma conexão importante e nossos estudos de demanda apontam que há viabilidade para trabalhar o transporte de cargas saindo do município rumo ao Porto de Paranaguá”, complementou o diretor-presidente da Ferroeste, André Gonçalves.

Também estiveram presentes na reunião, representando a Prefeitura de Guarapuava, os secretários executivo, Daniel Frahm, de Inovação e Tecnologia, Sávio Denerdi e o vereador Silvionei de Quadros. Também estiveram, os representantes do Sest/Senat, Paulo Afonso Silveira, da Fetransportes Carlos Vieira, representantes da Cooperativa Agrária, Indústrias Araupel, Repinho e Sta Maria, além de outros empresários do setor.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.