Projeto paranaense ajuda idosos a usarem tecnologia 

A Celepar promove a inclusão digital de paranaenses que estão fora do universo da tecnologia. Desde 2013, quando iniciou essa ação, mais de 10 mil pessoas idosas foram beneficiadas com cursos que ensinam a usar a internet e, mais recentemente, os smartphones. Com a pandemia, os instrutores passaram a gravar vídeos com dicas que são postadas nos grupos de WhatsApp dos ex-alunos.

A iniciativa culminou no projeto #celeparcomvc, que na última semana chegou à marca de 100 vídeos gravados e enviados pelos colaboradores, sendo também possível acessá-los pelo público em geral no canal da Celepar no YouTube.

O projeto consiste na gravação e envio de vídeos curtos sobre assuntos diversos relacionados ao mundo da tecnologia: como fazer pesquisas pelo Google, salvar contatos, tirar fotos (prints) de telas de smartphones, funcionalidades do WhatsApp e o usar aplicativos desenvolvidos pela Celepar.

Desde março de 2020, o projeto atingiu um público de mais de 3 mil pessoas, em pelo menos 100 municípios paranaenses, pelo canal no YouTube e no WhatsApp. No aplicativo de conversas por meio de mensagens são 134 grupos criados desde 2017 e aproximadamente 2 mil participantes.

“Esse projeto mostra que pensamos além do desenvolvimento de tecnologias”, afirma o presidente da Celepar, Leandro Moura. “Nos preocupamos, também, com o lado humano, com as pessoas que têm alguma dificuldade no dia a dia com o uso de seus smartphones. Isso é muito importante neste momento, pois conseguimos eliminar a distância entre cidadãos da terceira idade com as suas famílias durante o distanciamento social ocasionado pela pandemia”, enfatiza Moura.

De acordo Valéria Carvalho, uma das participantes do cursos, a tecnologia se mostrou uma grande aliada durante a pandemia. “Por essa iniciativa eu aprendi a realizar chamadas de vídeo com mais pessoas num momento crítico de isolamento social”, afirmou.

Vídeos Preferidos – Para comemorar os 100 vídeos enviados, os alunos dos cursos foram convidados a comentar qual tema mais chamou a atenção. Alguns deles serão sorteados e ganharão um kit de prêmios, a ser entregue em casa. O vídeo mais votado será reenviado nos grupos.

A aluna Lisiane Alves contou que um dos vídeos a ensinou fazer colagens e montagens de fotos. “Eu sempre brinco meus amigos nos aniversários e outras datas comemorativas, com uma colagem e mensagem anexa. É o máximo, quem recebe sempre gosta”, contou.

Outra aluna, Aparecida Rocha agradeceu a ajuda de um vídeo em especial. “O conteúdo sobre o auxílio emergencial me possibilitou ajudar uma senhora de 83 anos, que ainda não está aposentada”.

Inscrições – As inscrições nos cursos e workshops de Inclusão Social e Digital para Pessoas Idosas podem ser realizadas clicando AQUi. Os cidadãos interessados serão incluídos na lista de espera para quando os cursos voltarem a acontecer presencialmente, após os protocolos de saúde permitirem.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.