Paraná confirma o quarto caso da variante delta, ainda sem transmissão comunitária

A secretaria de Estado da Saúde confirmou na tarde desta quarta-feira (07) o quarto caso da variante delta do coronavírus no Paraná. Trata-se de um homem de 58 anos também residente em Apucarana e que, como os três casos anteriores, faz parte do mesmo núcleo familiar que vem sendo investigado no município.

Segundo o município, ele teve sintomas em 19 de abril, positivou para Covid-19 no dia 26 do mesmo mês, foi internado em uma enfermaria, transferido para UTI e não resistiu, vindo a óbito em 14 de maio. Ele era filho da mulher que é o primeiro caso positivo da variante no Paraná, divulgado no início de junho.

A cepa foi confirmada por sequenciamento genômico do vírus SARS-CoV-2 realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Ainda não há transmissão comunitária por se tratar de contato próximo ao primeiro caso, sendo considerado pela vigilância epidemiológica caso de transmissão local.

“O Estado do Paraná está atento às investigações, acompanhando os casos e o sequenciamento junto à Regional de Saúde de Apucarana e ao Laboratório Central do Estado (Lacen). A vigilância destes casos é uma das grandes preocupações da neste momento de pandemia, exatamente para identificarmos a circulação viral. Os casos confirmam que a variante delta está presente no Estado desde o mês de abril, mas ainda temos a prevalência da variante gama (P.1)”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.

Delta – O primeiro caso da variante delta foi confirmado através de seleção aleatória de amostras para sequenciamento genômico. A presença foi confirmada em uma mulher de 71 anos, que chegou a ser internada, mas teve alta e está bem.

A partir do resultado outras investigações epidemiológicas foram desencadeadas, chegando a uma gestante procedente do Japão que teve contato com a filha do primeiro caso. A gestante, que morreu no dia 18 de abril, foi o segundo caso confirmado.

O terceiro, divulgado na manhã desta quarta, se trata do marido da mulher do primeiro caso. O homem, de 74 anos, foi internado, mas teve alta hospitalar no dia 20 de maio e está sendo acompanhado clinicamente.

Investigação – A partir do primeiro caso, o Lacen selecionou 234 amostras da região para sequenciamento genômico, todos relacionados à mulher do primeiro caso. Destas, 115 já têm resultado, com esses outros três casos confirmados. 119 seguem em investigação.

O Lacen envia quinzenalmente amostras para investigação e monitoramento das cepas circulantes no Paraná. A seleção é feita de forma aleatória e cumpre critérios técnicos e epidemiológicos, ou seja, refletem um recorte do cenário epidemiológico do momento e servem de base para pesquisa e informação.

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Projeto da Unicentro produz etanol e biodiesel com resíduo da semente de seringueira

Pesquisa sobre biocombustível está entre as melhores inovações da América Latina

Uma pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) foi considerada uma das mais inovadoras da América Latina. O projeto “Produção de etanol a partir do resíduo da semente de seringueira” teve duas patentes classificadas entre as dez melhores do Concurso Innovación Verde, promovido pela Associação Interamericana da Propriedade Intelectual (ASIPI).

“Foi algo bem interessante para o nosso grupo de pesquisa e a gente quer continuar desenvolvendo mais pesquisas nessa área. É sempre bom ter esse reconhecimento”, comentou o coordenador da pesquisa, professor André Lazarin Gallina, do Departamento de Química e do Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro.

O projeto, que ocorre desde 2019 em parceria com o Câmpus de Realeza da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), contribui com análises químicas e testes experimentais.

Para a professora Fernanda Oliveira Lima, integrante da equipe da UFFS, a parceria entre a UFFS e a Unicentro é essencial para o avanço do projeto. “Esse trabalho colaborativo permitiu que recebêssemos reconhecimento e financiamento para ampliação. Com isso, o projeto se destaca ainda mais na valorização de resíduos agroindustriais e na promoção da sustentabilidade na produção de biocombustíveis”, destacou a professora.

A proposta de pesquisa surgiu quando a empresa Kaiser Agro buscou a ajuda da Unicentro para achar uma solução para a destinação de resíduos produzidos em suas atividades no ramo de conservação de solo e preservação de florestas nativas. Segundo gestor da empresa, Fábio Tonus, no plantio da seringueira, as sementes acabam não tendo utilidade para os produtores.

“Simplesmente a árvore produzia as sementes, que caíam no solo e ali elas apodreciam. A gente observou a necessidade de fazer um melhor aproveitamento dessa semente, até para poder gerar recurso tanto para o proprietário que plantou a árvore, como para o próprio seringueiro que trabalha extraindo látex”, contextualiza.

Os pesquisadores perceberam que as sementes poderiam virar insumo para a produção de biocombustíveis, que são menos poluentes do que os combustíveis convencionais. “Em um primeiro momento a gente se propôs a fazer três projetos: um deles era para a produção de etanol, o outro para a produção de biodiesel e também um para a produção de antioxidantes”, relatou André Gallina.

As etapas de produção dos biocombustíveis começam com o recebimento da matéria-prima enviada pela empresa Kaiser Agro. Depois, a equipe universitária descasca as sementes de seringueira, extrai o óleo para produzir biodiesel e o que sobra de carboidrato, vira etanol através de um processo de segunda geração. “Fazemos, assim, dois biocombustíveis de uma semente só”, resumiu Gallina.

Entre as várias frentes dessa pesquisa, durante o seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Bioenergia da Unicentro, o químico Giovano Tochetto focou nos carboidratos da semente de seringueira para produção de etanol, utilizando todo o potencial desse insumo.

“A semente de seringueira não é usada como alimento, ao contrário da cana-de-açúcar e do milho, sendo que o uso dessas matérias-primas alimentícias para produção de etanol cria conflitos de mercado e aumenta o custo do combustível. Como a semente de seringueira é efetivamente um resíduo, ou seja, de baixo custo, o preço do etanol produzido será reduzido”, explicou o pesquisador.

Cada 5,7 quilos de sementes de seringueira são transformados em um litro de etanol. “Dentre as fontes de energia renováveis, o etanol é especialmente interessante, pois é capaz de substituir a gasolina por completo em motores de combustão interna, muito usados em carros, com poucas mudanças nas características dos motores”, salienta o pesquisador.

Em outra pesquisa, dentro do projeto, a partir do óleo extraído da semente de seringueira, cada 3,29 quilos da matéria-prima tem capacidade de produzir um litro de biodiesel. O combustível pode substituir o óleo diesel comum, utilizado em caminhões, ônibus e outros veículos.

“Ainda existem muitas outras matérias-primas para serem descobertas, muitos métodos para produção a serem desenvolvidos e muitos métodos e processos existentes a serem melhorados”, finalizou Giovano.