Falta Deus no coração das pessoas

As bombas da segunda guerra mundial ainda estão ressoando na cabeça do hoje octagenário Giovane, o equivalente a João em português. Em pleno conflito ele, ainda jovem, ouvia as explosões e vivenciou o terror da guerra, em solo italiano. Giovane, com sobrenome conhecido mundialmente, Zerbini, um de uma família de doze irmãos, passava infância e juventude dentro de um seminário na pequena cidade italiana de Chiari (norte) de onde, aos 28 anos, saiu padre Salesiano.

A vida o conduziu para vários lugares a partir do momento que vestiu a batina até chegar ao que é hoje, bispo emérito de Guarapuava.  Deixou para trás o rastro da guerra e veio para o Brasil, começando sua vida de pregação por Campo Grande, no Mato Grosso, de onde saiu (e voltou) várias vezes.

Percorreu outros caminhos neste Brasil. Esteve em Lins, Lucélia e Araçatuba, interior de São Paulo. E recorda com carinho do seu Mato Grosso, do calor – não apenas do clima, mas também do povo – e ressalta que o brasileiro é muito receptivo. Sua passagem é registrada, ainda, por Cuiabá e Corumbá.

Chegou a Guarapuava num dia quente de janeiro no ano de 1995 e assumiu a paróquia em março daquele ano. Desde 2003 é bispo emérito, dando lugar ao atual pastor de almas, bispo Antônio Wagner da Silva, que, ressalte-se, era seu ajudante.

Passado

A Itália das bombas e do terror da guerra Giovane foi encontrar, de novo, em 1956. Era surpreendente a reconstrução de um país que deixei totalmente destruído. Era um novo país e o povo, mesmo sofrido, era alegre, se sentia bem. Foi uma mudança drástica em pouco tempo, reconhece.

Em visitas mais recentes ao país de origem, recorda que sentiu nas pessoas a ausência da felicidade. A simplicidade de tempos antigos nos fazia felizes, ressalta. Para ele, o desenvolvimento, o avanço tecnológico, o progresso, não contribuiu com o sorriso das pessoas. Analisando pelo lado da fé, posso dizer que faltava e ainda falta Deus no coração das pessoas, prega ele, lembrando que tem crescido o vício, as drogas, a violência.

Outra constatação do padre: a distância entre o pobre e o rico é muito grande, e isso não é realidade apenas brasileira, mas no mundo todo.

Sobre Guarapuava é enfático: o clima realmente muda o comportamento das pessoas, mas engana-se quem diz que o cidadão (ã) daqui é frio e distante. O guarapuavano tem coração grande, ressalta. O fato de ter encontrado na cidade conterrâneas da Itália e europeus de várias partes daquele continente,facilitou ainda mais sua adaptação.

Há vinte anos, quando cheguei aqui, Guarapuava era muito diferente. Em todos os aspectos. Progrediu, cresceu, e trouxe junto todas as conseqüências disso, as boas e as não tão boas. Faz parte, destaca.

Dom Giovane Zerbini, bispo de Guarapuava por oito anos, vive há 12 numa residência paroquial no centro da cidade. Tem um secretário para ajudá-lo nas obrigações diárias e viaja bastante. É muito solicitado para eventos relacionados à igreja na cidade, na região e em todo o Estado.

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Itaipu propõe ações sanitárias em galinheiros comunitários no Oeste do Paraná

Espaços servirão para conter as galinhas atualmente criadas soltas; iniciativa vai reduzir riscos sanitários para as aves

Representantes da Itaipu Binacional se reuniram na última segunda-feira (7), em Cascavel, com instituições do poder público e do setor produtivo avícola do Paraná, para estabelecer diretrizes em relação aos galinheiros comunitários que estão sendo instalados em aldeias indígenas na região Oeste do Estado.

A ação faz parte da promoção da segurança alimentar das comunidades, desenvolvida por meio do Projeto Opaná Chão Indígena, desenvolvido pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD), por meio do Programa CAPA, em parceria com a Itaipu Binacional e do programa Itaipu Mais que Energia.

O encontro teve a participação de representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), do Sistema Ocepar, do Sindicato das Indústrias Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Sistema Faep) e de cooperativas.

Diante de eventuais questionamentos sobre possíveis riscos sanitários decorrentes da criação de subsistência das aves, a Itaipu tranquilizou os participantes e reforçou que todas as medidas sanitárias serão atendidas nesse processo. A empresa também destacou que cooperativas e entidades do setor podem ajudar nesse processo, com o fornecimento de pintainhos, por exemplo.

A reunião de segunda-feira (7) serviu para alinhar a iniciativa da Itaipu e esclarecer os cuidados que serão tomados em relação a protocolos sanitários. Segundo o gestor dos Programas de Sustentabilidade Indígena da Itaipu, Paulo Porto., as galinhas que hoje já existem nas comunidades, criadas soltas, serão confinadas para melhorar o controle. Também será prestada Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para orientar os indígenas sobre o tema.

O protocolo sanitário vai ser definido pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e pela Itaipu, que farão um monitoramento constante dos galinheiros para garantir todas as regras de segurança sanitária.

Será também realizado por um processo de georreferenciamento, com o cadastro de todas as galinhas, atendendo ao protocolo já vigente no Paraná. Os galinheiros não poderão conter outras espécies, como patos, marrecos e gansos. O projeto também deve ficar restrito à região Oeste do Estado.

“A reunião foi produtiva, com ganhos para o setor produtivo, pois traz garantias para fortalecer a segurança sanitária. Mas vamos continuar acompanhando a situação, para garantir os interesse dos produtores rurais e do setor agropecuária paranaense”, disse o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette.”, disse o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.

“A Itaipu segue garantindo todas as medidas de proteção sanitária no sentido de preservar a produção avícola do Paraná assim como segue comprometida a com a subsistência das comunidades mais vulneráveis do estado, como no caso as aldeias Avá Guarani”, reforçou Paulo Porto.

A produção de carne e ovos obtidas pelos galinheiros destina-se exclusivamente à subsistência das famílias indígenas. O objetivo principal é garantir segurança alimentar por meio do acesso a uma fonte de proteína de qualidade. Não há qualquer finalidade comercial na produção. Ao todo, o projeto prevê a construção de até 64 galinheiros, com capacidade para até 30 aves por lote e até três lotes por estrutura.

É importante destacar que, atualmente, a maioria dos agricultores familiares do Paraná – e não apenas os indígenas – já cria aves de forma extensiva.