Medo chega à construção civil

Setor diminui investimentos e lojas de materiais registram queda de até 50% nas vendas

            João Alceu/Jornal Extra                               
Algumas construções da cidade estão em ritmo mais lento.

É bem assim mesmo. Devagar, quase parando, que alguns setores da indústria da construção civil estão desde o início do ano. Visível de se ver ao constatar em vários prédios que estão sendo construídos na cidade que, se não estão com as obras paralisadas, o andamento tem sido lento e gradual.

Os fornecedores dessa indústria são os que mais sentem esse período de – digamos assim – vacas magras. Sanderson de Andrade, da Lumina Esquadrias – de alumínio – já registra uma queda em torno de 30% nas vendas.  E não são apenas as grandes empresas construtoras que botaram o pé no freio. “As pessoas físicas, aquelas que estavam fazendo reformas ou precisavam colocar uma janela ou porta nova, também não estão comprando”, diz o empresário.

Segundo Sanderson, as pessoas estão com medo. “Ninguém sabe o que vai acontecer porque há muita desconfiança por causa dos aumentos nos preços, da inflação, do desemprego”, relata ele.

Mas o reflexo maior é, claro, nos grandes comércios. Caiu a venda de cimento nos materiais de construção, principalmente do consumidor chamado “formiguinha”, aquele que compra para fazer reformas ou o conhecido “puxadinho”.

Caminhando de lado nessa situação algumas empresas do setor se preveniram. Trabalham no sistema de consórcios. É o caso da construtora Sanches, que está construindo cinco prédios na cidade. Mesmo assim, também nesta empresa a palavra “medo” ganha destaque. “Estamos aguardando o CUB (Custo Unitário Básico) de junho que vai determinar o valor do salário, para ver como vai ficar a situação” relata Mateus Cruz.

Não houve demissões na empresa

No mesmo sistema de consórcios trabalha a construtora Evolução, cuja matriz fica em Maringá, mas que está construindo dois prédios em Guarapuava. Segundo Sérgio Luiz Rolak, a inadimplência dos consorciados se mantém dentro da normalidade, mas ele sente que o mercado está inseguro. “Os compradores não estão comprando e está difícil prever novos empreendimentos”, diz ele.
Nas rodas de conversa com empreendedores de todas as áreas, diz Sérgio, o assunto é a crise de confiança. “Tem alguns setores que falam em queda de até 50% nas vendas”, exemplifica.

Materiais de construção

Se na ponta da indústria do setor as coisas estão um tanto quanto estagnadas, no começo do caminho a situação não é diferente. As lojas de materiais de construção estão penando com a ausência dos compradores.

A maioria delas – as lojas – estão registrando uma linha permanente para baixo no gráfico das vendas. Em alguns produtos – caso do cimento – essa queda já supera a casa dos 30% ao mês. Mas há outros também envolvidos diretamente na construção como brita, areia, tijolos, etc, cuja redução nas vendas chega a 50%.
“O negócio está complicado” disse uma vendedora que se mantém durante toda a tarde com os braços cruzados atrás do balcão. Segundo ela, há pouco tempo (no ano passado) era difícil ficar um dia sem vender nada. “Agora está se tornando normal”, aponta.

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