Psicóloga Camila fala sobre o comportamento das crianças durante a quarentena
A pandemia do coronavírus já é um baita desafio, no dia a dia, para os adultos. Além de lidar com preocupações com a saúde, o emprego e a economia, por exemplo, muitos têm que se preocupar, também, em como lidar com as crianças durante a quarentena.
Com as escolas fechadas, os pequenos estão em casa com a família e também precisam enfrentar os desafios desse período de isolamento social. Enquanto alguns pais ainda precisam trabalhar fora e não têm com quem deixar os filhos, outros precisam conciliar a rotina de home office com as necessidades das crianças. Isso sem falar daqueles que tiveram sua jornada reduzida ou perderam seus empregos.
Nesse cenário de incerteza, cabe aos pais ou responsáveis adaptar o dia a dia das criançada de acordo com o chamado ‘novo normal’. Segundo a psicóloga Camila Souza, passados pouco mais de quatro meses do início da pandemia, muito dos interesses e funcionamento das crianças modificaram-se e inclusive o que mudou foi o sentimento das mesmas. “Sabemos que os sentimentos não são nada lineares, isso já mostrava-se evidente em tempos normais e em tempos de crise sempre se adiciona a ansiedade”, disse Camila.
“É um momento em que estamos mais próximos das crianças, consequentemente mais próximos das emoções, assim ao ensinar as crianças sobre o que sentem é também ensiná-las a lidar melhor com conflitos, e auxiliá-las na expressão de sentimentos de forma eficaz, ou seja, esse período também pode servir para autoconhecimento e para elaboração de habilidades socioemocionais”, acrescentou.
Para a psicóloga, vale frisar que as crianças sentem, se expressam e entendem, porém, a maneira que isso ocorrerá irá depender muito de cada criança, pois está ligado à suas características individuais e da fase do desenvolvimento em que se encontram, ou seja, cada um irá vivenciar os sentimentos e emoções de forma singular e subjetiva.
“Algo que pode auxiliar a vivenciar esse período de forma mais leve é o estabelecimento de uma rotina, isso porque antes da necessidade do isolamento social, as crianças já tinham uma rotina estabelecida, quer dizer, iam à escola, brincavam com os amigos, visitavam familiares, e outras atividades. Por isso, nesse momento devemos estabelecer uma continuidade à rotina, ou seja, elaborar horários para dormir, acordar, fazer as refeições, assim como as atividades escolares e de lazer, isso faz com que gere sentimento de segurança e estabilidade aos pequenos”, explicou.
Camila ressalta que, durante esse período, também é preciso elaborar algumas estratégias de acordos e que, “de tempos em tempos, é necessário rever o que foi combinado com as crianças e, se pertinente, fazer adaptações”. Isso, segundo ela, acaba sendo uma das atitudes
‘básicas’ para manter o equilíbrio emocional, pois as adaptações auxiliam na minimização de possíveis conflitos gerados pela intensidade das emoções.
“Por fim, é importante entendermos que o atual momento é estressante e que as crianças enfrentarão o problema de acordo com conduta e manejo dos pais, por isso, tenha boa comunicação com elas de maneira tranquila e honesta e de acordo com a capacidade de compreensão de cada idade, pois devemos respeitar as necessidades de cada um à medida que elas se façam necessário”, concluiu.